Imagine o perigo do feijão, uma das presenças mais frequentes no prato dos brasileiros, carregar uma bactéria capaz de fazer mal ao consumidor. Arrepiante, não?
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Mas é isso que circula em redes sociais e em grupos no WhatsApp. E qual seria a solução? Deixar de molho no vinagre antes do cozimento.
Acontece que a mesma mensagem circula, com variações, desde 2010. Isso porque, naquele ano, as lavouras de feijão de São Paulo sofreram com bactéria que afetava a produtividade, e melhoramentos genéticos eram estudados. Mas nada relacionado ao consumo humano.
No ano passado, um boato espalhou que pessoas haviam morrido em São Paulo ao ingerir larvas contaminadas no feijão. Nenhuma autoridade confirmou qualquer caso, e a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) se manifestou sobre o assunto.
– Uma larva qualquer, a pessoa vai mastigar, engolir, e vai virar comida. Comemos larvas de goiaba, por exemplo, e não acontece nada. Trabalho com alimentos há 18 anos e para mim seria uma coisa nova – disse Carlos Alberto Nogueira de Almeida, médico nutrólogo e membro da Abran.
A variação do boato deste ano esquece a larva e fala na bactéria. Ainda assim, não encontra amparo na realidade. Segundo a nutricionista Fernanda da Luz, o processo de cozimento já é suficiente para matar bactérias e impedir infecções.
– A salmonela, por exemplo. Se você cozinhar o ovo e ingeri-lo, não vai acontecer nada porque o processo mata a bactéria. O perigo está em consumir o ovo cru. Isso também se aplica ao feijão, ainda mais por ser cozido em panela de pressão, em altas temperaturas – afirma ela.
Além disso, o vinagre, por 15 minutos, não conseguiria penetrar no feijão cru, onde uma bactéria supostamente tão potente deveria estar, pondera a nutricionista. Mesmo com todas as marcas de um boato, a mensagem sobre o feijão reforça um cuidado importante: lavar bem e evitar ingerir alimentos crus seguem como ações para prevenir intoxicações alimentares.