Mesmo que em condições piores do que cinco anos atrás, as estradas gaúchas melhoraram em relação a 2015, aponta a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada nesta quarta-feira. O levantamento mostrou que, neste ano, 62,7% das rodovias gaúchas foram consideradas péssimas, ruins ou regulares. Ano passado, 73,6% da malha estava insatisfatória. Os trechos considerados como ótimos ou bons passaram de 26,4% para 37,3% da extensão analisada, um total de 8,6 mil quilômetros.
Estradas concedidas, sob administração da União e até do Estado – embora com avanço menor – tiveram melhor avaliação. No caso das federais, dois terços do trecho eram mal classificados. Agora, menos da metade. As concedidas, que tinham 52,8% da extensão com problemas, conseguiram baixar o percentual pata 38,7%. Mesmo que, de cada 10 quilômetros, 8 sejam considerados péssimos, ruins ou regulares, as vias sob gestão do Estado conseguiram diminuir a desaprovação sete pontos percentuais, para 81,4%.
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O diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, que classificou ano passado o Estado como "surpresa negativa da pesquisa", diz que, em 2016, a situação melhor do Rio Grande do Sul se deve a avanços em pontos como pavimento e sinalização das rodovias. Uma explicação pode estar no redirecionamento de recursos.
– Do ano passado para cá, como houve diminuição dos recursos para expansão da malha, o governo federal, em uma estratégia que pode ter sido replicada pelo Estado, redirecionou o dinheiro para manutenção – avalia.
A melhor avaliação divide especialistas e usuários. Estudioso do tema da infraestrutura, Paulo Menzel, vice-presidente para a Região Sul da Associação Brasileira de Logística (Abralog) diz que, "respeitosamente", discorda do resultado da pesquisa:
– Esse não é um fato corroborado por quem está diariamente nas estradas do Estado. O quadro geral piorou. A CNT, que respeitamos, avalia três fatores (pavimento, sinalização e geometria da estrada). Nós, avaliamos 15 – diz Menzel.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Afrânio Kieling, diz notar melhora nas estradas, mas tem explicação que não passaria por investimento em conservação das rodovias.
– Notamos isso. Mas há uma explicação: diminuiu muito o volume de tráfego devido à crise – sustenta Kieling, acrescentando que, com o desgaste menor das rodovias pela redução do trânsito, o trabalho para manutenção das vias é menor.
Quadro pior do que há cinco anos
Apesar da melhora pontual na avaliação das rodovias gaúchas, as estradas têm situação pior do que cinco anos atrás. Em 2012, a pesquisa da CNT mostrava que a maior parte (59%) da malha gaúcha era considerada ótima ou boa e 41% tinha estado insatisfatório.
No país, do total de 103,2 mil quilômetros analisados, 58,2% apresentaram algum tipo de problema e foram consideradas regulares, ruins ou péssimas, enquanto 41,8% foram avaliadas como boas ou ótimas, mostrou a CNT. Em 2015, 43% dos trechos tiveram avaliação satisfatória.
No ranking dos trechos, os 10 melhores do país ficam em São Paulo e são pedagiados. Dos 109 pontos avaliados, grande parte formados por mais de uma rodovia, o quinto pior, como ano passado, fica no Estado e inclui parte composta pela ERS-241, ERS-640 e BR-158, que liga São Vicente do Sul a Santana do Livramento (fronteira com o Uruguai). A ERS-640, no entanto, passou por conserto no início do ano.
O secretário estadual dos Transportes, Pedro Westphalen, avalia que a melhoria nas estradas está relacionada à manutenção, como no caso dos Contrato de Restauração e Manutenção de Rodovias (Cremas), que beneficiaram mais de 400 quilômetros desde o ano passado.