Três dias após o processo de impeachment que tirou Dilma Rousseff da presidência, manifestações contra o presidente Michel Temer foram registradas em São Paulo e no Rio de Janeiro. No Rio, a concentração ocorreu em Copacabana. Em São Paulo, os manifestantes realizaram o ato na movimentada Avenida Paulista.
Em Porto Alegre, grupos contrários ao governo Temer realizaram uma assembleia no auditório do Cpers na tarde deste domingo para definir os futuros do movimento contra o peemedebista.
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São Paulo
Manifestantes ocuparam a Avenida Paulista na tarde deste domingo para protestar contra o governo Michel Temer. A manifestação começou por volta das 15h30min.
– O governo golpista de Michel Temer falou em cerca de 40 pessoas neste protesto. Somos 100 mil pessoas – disse Guilherme Boulos, da coordenação nacional do MTST, um dos organizadores do ato, em discurso por volta das 17h.
A PM ainda não estimou o número de presentes. Aos gritos de "Fora, Temer", e "Golpistas, não passarão", os manifestantes se preparam para percorrer a via em direção à rua da Consolação, e depois descer a Avenida Rebouças até o Largo da Batata. Os organizadores do ato, as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, orientaram as pessoas a "não reagirem a provocações". Os participantes do ato pediram a saída do presidente Michel Temer e a realização de novas eleições para presidente no país.
Perto do fim do ato, quando os manifestantes começavam a dispersar no Largo da Batata, os policiais lançaram bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo contra o grupo. Um bar e um ônibus também foram atingidos por bombas.
Por meio do Twitter, a Polícia Militar de São Paulo disse que agiu após alguns manifestantes "cometerem atos de vandalismo":
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Boulos afirmou que os policias militares provocaram os manifestantes e que a ação foi premeditada:
– A tropa de choque entrou no meio da manifestação para provocar, depois começaram a jogar bombas e jatos de água. Foi premeditado e é escandaloso que a polícia trate uma manifestação assim. Quem tem que responder é o governador Geraldo Alckmin e o comando da PM", disse.
Polêmica
O protesto deste domingo em SP começou com uma polêmica. Na última quinta-feira, após uma sequência de manifestações, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que o ato de domingo, marcado para a Avenida Paulista, estaria proibido. Uma das razões para a proibição do protesto foi a de que este poderia prejudicar a passagem da Tocha Paralímpica, no mesmo local, segundo a SSP. Outro motivo foi o fato de que os organizadores não tinham avisado o órgão sobre o ato.
Na sexta, a secretaria divulgou nova nota, informando que, em reunião com organizadores e o prefeito Fernando Haddad, o protesto seria liberado, sob a condição de ser adiado para mais tarde, às 16h30min, para prejudicar a passagem da Tocha Paralímpica, entre as 13h20min e 14h10min.
Rio de Janeiro
Cerca de 5 mil manifestantes contrários ao impeachment de Dilma Rousseff protestaram na Avenida Atlântica, em Copacabana. O ato começou bem em frente ao hotel Copacabana Palace e chegou até o Canecão, tradicional casa de shows que está fechada há seis anos e que tem sido ocupada por movimentos especialmente ligados à Cultura, como o #OcupaMinC. Aos gritos de "Fora Temer", muitos ostentavam cartazes acusando "golpe" no processo que causou a deposição de Dilma.
Cabos eleitorais de candidatos de partidos de esquerda à prefeitura do Rio engrossam o grupo. O número de manifestantes, que começou em cerca de 700 por volta das 12h, subiu rapidamente e havia pelo menos 5 mil pessoas protestando. Aos gritos de "Temer golpista" e "Diretas já", os manifestantes caminharam em direção ao bairro de Botafogo e chegaram ao seu ponto final na zona sul do Rio: o Canecão.
Agressão
Durante o ato, um carro de reportagem do jornal O Estado de S. Paulo foi atacado por um manifestante. De acordo com o Estado de S.Paulo, o veículo estava parado na Avenida Princesa Isabel, quando um homem se aproximou aos gritos de "jornal fascista" e "golpista". Ele passou a chutar o carro, amassando o porta-malas e a porta do motorista. Outros motoristas viram a cena e se solidarizaram. O agressor chegou a bater no vidro de pelo menos mais um veículo, intimidando os passageiros.
No carro do Estado, só havia o motorista do jornal. A equipe de reportagem acompanhava a manifestação, que seguia mais à frente, a caminho da casa de show Canecão. O motorista não se feriu. O agressor foi detido por policiais militares e levado para a 12ª Delegacia de Polícia
*Zero Hora com agências