O primeiro ato de Daniel Guerra, candidato à prefeitura de Caxias do Sul, será o corte de 50% dos cargos em comissão e da verba de representatividade que corresponde a 50% do salário. O candidato do PRB afirma que pretende dar prioridade para as áreas da saúde, segurança, educação e emprego, e ainda abrir a UPA (unidade de pronto-atendimento) da Zona Norte.Guerra promete que sua equipe de trabalho será formada por técnicos 'altamente qualificados' com capacidade de gestão e sensibilidade para atender à população. Na saúde, o republicano pretende ampliar o horário de atendimento das UBSs (as unidades básicas de saúde) de 15 regiões administrativas e ter um posto para atender as demandas dos moradores do interior.
Em vídeo, confira a íntegra do bate-pronto:
O candidato do PRB promete combater o comércio ambulante, mas pretende dar atenção às pessoas que sobrevivem dessa função e trazê-las para a formalidade. Para atender à necessidade de vagas da educação infantil, vai ampliar e reformar as escolas existentes, fazer parcerias e ainda construir novas escolas. Na segurança, afirma que vai transformar a Guarda Municipal em polícia municipal com atenção às pessoas, além de criar o centro integrado de segurança pública com participação da Brigada Militar e da Polícia Civil.Conhecido pelas críticas a partidos políticos, Guerra explica que os partidos fazem parte da democracia.
– Ninguém está acima da população. Não é porque tem um punhado de siglas partidárias que pode achar que está acima de uma cidade.
O candidato conversou com o Pioneiro na quinta-feira pela manhã. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Pioneiro: Caso seja eleito, qual será a prioridade do seu mandato? E qual seu primeiro ato?
Daniel Guerra: A prioridade é atuar fortemente nas quatro áreas que estão em nosso projeto de cidade - segurança, saúde, educação e emprego. Nosso primeiro ato será o corte imediato de no mínimo 50% dos cargos em comissão que vai ter (gerar) uma economia imediata de R$ 12 milhões por ano. Também a extinção total dos penduricalhos dos CCs da prefeitura - falo da verba de representação, que vai gerar uma economia imediata de R$ 6,5 milhões ano. Vamos transferir já imediatamente para abrirmos a UPA da Zona Norte fazendo que ela funcione sete dias por semana, todos os dias do ano. E também teremos que fazer auditoria em algumas contas da administração.
O Plano Diretor será revisado em 2017. No seu entendimento, o que não pode faltar nesta revisão?
Não pode mais haver o que tem sido feito por este atual governo irresponsável que faz um fatiamento e intervenções pontuais nitidamente para beneficiar, normalmente e coincidentemente, patrocinadores de campanha. Faremos um grupo de trabalho para que possamos fazer essa revisão de forma ampla a contemplar a cidade do presente, mas também ter um plano estratégico para os próximos 30 anos.
A qualidade do transporte coletivo em Caxias do Sul é satisfatória?
Nós ouvimos os usuários do transporte coletivo e eles dizem, na sua maioria, que não há sequer qualquer tipo de qualidade no transporte coletivo. Como se pode admitir uma concessão pública que vergonhosamente é monopolizada, fruto de um governo irresponsável que, em 2010, não fez nova licitação? Simplesmente buscou uma autorização legislativa, quando a maioria dos vereadores foi favorável à manutenção do monopólio, enquanto nós pedíamos a abertura de nova licitação para que houvesse a concorrência. Vamos agir forte, primeiro fazendo uma Lava-Jato nas contas e planilhas da Visate. Também faremos um grupo de trabalho para um estudo de edital de licitação no tempo legal, para que possamos ter várias empresas a concorrer pela concessão pública e também sobre a isenção total de impostos que esse governo concedeu para a Visate.
A concessão do transporte coletivo vence em maio de 2020. O que precisa ser garantido pela futura concessionária?
Primeiro temos que fazer o raio-x da situação que se tem na relação das planilhas da Visate.
A cidade precisa de obras e de outras ações para melhorar o transporte público e a mobilidade urbana?
Mobilidade tem que ser descentralizada. Fazer com que haja fluidez e agilidade necessária. Para isso, já no início da nossa administração, nós iremos liberar o uso compartilhado com todos os veículos da segunda pista, que hoje é de uso da Visate. Segundo, iremos fazer uma liberação de todas as conversões à direita. Faremos também a implantação do "Siga à direita livre". Um exemplo que imediatamente implantaremos é na Rua Garibaldi (esquina com a Sinimbu). A mobilidade tem que contemplar a cidade inteira. Hoje, o nosso interior está esquecido e sem estrutura para o escoamento da produção.
Como melhorar o atendimento à população na rede pública de saúde?
Gestão, responsabilidade, sensibilidade, comprometimento. Gestão é uma palavra que não se vê na administração porque é ocupada com cargos de confiança que sequer tem a capacidade técnica e profissional de gerir algo de tamanha grandeza, que são as áreas de uma administração. Nós iremos ter somente secretários técnicos, pessoas altamente qualificadas, pessoas com sensibilidade, com capacidade de ouvir e de ir onde as pessoas estão. A ação precisa da abertura imediata da UPA da Zona Norte. Já desafogaremos em torno de 40 mil atendimentos com a UPA Zona Norte e a gente se aproxima daquela comunidade que é extremamente carente. Temos que fortalecer as UBSs, que é o caminho mais próximo do cidadão, e precisamos nas 15 regiões administrativas ter UBS com horário estendido. (Precisamos) ter uma UBS em caráter permanente para cobrir as demandas do nosso interior. Fortalecimento da atenção básica, trabalhar a prevenção e também compartilhar as responsabilidades com os 47 municípios que hoje fazem uso da nossa estrutura.
O senhor tem proposta para dinamizar ou revitalizar o centro histórico da cidade?
Isso está em nosso projeto de cidade. Os espaços púbicos precisam ter a vocação conforme cada localidade. Por exemplo, o centro da cidade está uma verdadeira escuridão e é ocupado por marginais, na sua grande maioria, e "drogaditos". Precisamos ocupar esses espaços como sendo da comunidade local, ou seja, com iluminação pública eficiente, com tele-gestão dessa iluminação. Além disso, proporcionarmos a integração de ações efetivas entre as secretarias de Cultura e de Esporte e Lazer. E também dialogando com cada comunidade para que essas áreas possam ter as ações que aquela comunidade espera.
Como vai tratar o comércio ambulante?
Nós temos que combater o comércio ilegal. Não é justo que a prefeitura tenha uma exigência no Código de Postura para quem quer empreender e gerar emprego e renda e tenha que cumprir uma lista enorme de atribuições, ter de competir com alguém que está usando do espaço público com a total ilegalidade. Precisamos ter consciência de trazer essas pessoas que hoje estão no comércio ilegal para a legalidade. Para isso, a prefeitura, a partir de janeiro, vai fazer a desburocratização para que as pessoas saiam da informalidade.
A iluminação pública está em boas condições? Como o senhor vai cuidar da iluminação pública?
A iluminação pública é mais que uma questão de estética. Ela é dita pelos cientistas que lidam na área da segurança um elemento importantíssimo na questão da segurança. Nós iremos investir pesado na questão da iluminação pública. Iluminação pública moderna, eficiente, com led e com tele-gestão, e isso vai se tornar um passo no combate a criminalidade.
E como garantir calçadas em condições?
Fiscalização. Nós temos que compartilhar as responsabilidades porque não se admite uma cidade como a nossa, onde nossos idosos constantemente tenham fraturas por haver uma pedra solta, uma calçada mal feita ou buracos na calçada. Nossa Lei Orgânica e Plano de Posturas do município deixa muito claro que as calçadas em frente às propriedades e estabelecimentos é de responsabilidade do proprietário. Isso passa por uma fiscalização, porque o transeunte precisa percorrer as calçadas com segurança. As calçadas que temos hoje, há uma farra de problemas que não foram solucionadas porque não há fiscalização. Precisamos fiscalizar primeiro no caráter educativo, segundo no caráter de fazer a pessoa corrigir o que é de sua atribuição.
Qual a principal ação que o senhor pretende implementar para ajudar no combate à insegurança?
Vamos montar o centro integrado de segurança pública. Hoje, a gente vê ações isoladas com muito esforço pela Brigada Militar, Polícia Civil, também da Justiça, mas não há uma ação conjunta. Mais do que isso, tornaremos a Guarda Municipal uma polícia municipal para que preserve a vida. Esse é o maior e mais precioso bem que uma cidade tem. Os prédios públicos passarão a ter videomonitoramento. O efetivo vai ser qualificado para ser polícia municipal, equipado de forma pesada para combater a criminalidade e teremos de imediato um efetivo que vai às ruas para ajudar no combate a criminalidade.
Quantos CCs o senhor vai cortar?
No mínimo, no primeiro dia de janeiro, 50% dos cargos de confiança. Precisamos de recursos para o que é essencial. Teremos cargos em comissão tão somente pelo conceito de serem técnicos, qualificados, comprometidos e também vão ter que dar o resultado que a população espera, sob pena de nós substituí-los tantas vezes for necessário, até que venha a corresponder e tratar o cidadão com a qualidade que nós exigiremos.
O Orçamento é enxuto e boa parte é comprometida. De onde sairá o dinheiro para as ações que o senhor pretende implementar?
O orçamento é enxuto para quem é irresponsável, para quem não administra, para quem pensa que o recurso do município é dinheiro infinito. O que requer é que a prefeitura tenha um administrador, alguém que esteja tecnicamente preparado para tomar decisões, elencar prioridades e hierarquizar o que é importante para o cidadão. Um prefeito que tenha uma visão de 360º da sua cidade e não com olhar restrito aos seus gostos ou prazeres. Vamos ampliar o investimento na saúde, na educação, na segurança, na atração, manutenção e fortalecimento de novos empregos e, por óbvio, vamos cortar o "duplica CCs", a verba de representação (para os cargos em comissão) que foi feita pelo (governo) anterior. A prefeitura gasta milhões em aluguéis quando coincidentemente os proprietários dos imóveis dos aluguéis estão como doadores de campanha. Incrivelmente, embora esse cenário de crise, esses imóveis conseguem ter o preço superior ao da média do mercado. Orçamento tem, o que não tem é recurso.
Como o senhor vai ouvir a população?
Vamos implantar imediatamente o gabinete itinerante do prefeito com seus secretários. Percorreremos as 15 regiões administrativas todo o ano em contato direto com as pessoas, sem intermediários e ouvindo diretamente as comunidades.
Como garantir as vagas necessárias para a educação infantil?
Temos as escolas de educação infantil e, em muitas delas, é possível a ampliação e reforma das já existentes, e se consegue ampliar o número de vagas. Naquelas que não tenha espaço de terreno para expandir de forma térrea nós faremos as escolas verticais, naquelas em que for possível. Com isso, ampliamos a capacidade de acolhimento. Estabelecer parceria público-privada e também fazer novas escolas.
Qual sua principal ação para estimular a criação de novos empregos?
Primeiro, fazer o incentivo tributário e fiscal e logístico de nossa cidade. Não há fórmula mágica. Atrair novas empresas, fortalecer as existentes e inovar. Não dá para conceber a burocracia que é hoje para o empreendedor conseguir abrir as portas de seu estabelecimento. Nós iremos desburocratizar imediatamente. Municípios vizinhos estão dando um "baile" em Caxias do Sul e não é por nada que as pessoas migram para esses municípios. Temos que ter parcerias com as nossas instituições de ensino na questão da inovação, na tecnologia da informação e de atrair novas empresas.
O senhor é identificado como um político avesso a partidos. Já chegou a ser chamado de "Collorzinho". Para o senhor, os partidos não são importantes?
O adjetivo a que tu te referes eu desconheço. Eu acredito que a democracia é ainda a melhor ferramenta para que haja a solução na convivência sadia e harmoniosa em qualquer sociedade. Eu sou um defensor ferrenho da democracia que respeita a população. Os partidos fazem parte de uma estrutura dessa democracia, os partidos não são a democracia. Os partidos só devem ser respeitados se respeitarem a população. Ninguém está acima da população. Não é porque tem um punhado de siglas partidárias que pode achar que está acima de uma cidade. A força não está nos partidos. O poder não é dos partidos, não é dos políticos. Hoje faço parte de uma agremiação partidária que me respeita profundamente neste meu modo de implantar a nova política.
Qual a marca que o senhor pretende deixar com seu mandato?
Nós deixaremos a marca de um prefeito humano, sensível e que estava com as pessoas. Um prefeito que soube agir com gestão, um prefeito administrador e que soube priorizar o recurso público naquilo que essencial.