Uma data histórica na política brasileira ou apenas o último dia do mês de agosto? No início da tarde desta quarta-feira, após a votação de impeachment que determinou o afastamento definitivo de Dilma Rousseff da Presidência, os santa-marienses foram às ruas. Para trabalhar. Como se fosse uma quarta-feira qualquer, muitos sequer sabiam do desfecho da votação no Senado.
Senado aprova impeachment e afasta Dilma Rousseff da Presidência da República em definitivo
Não estavam em frente à televisão como em uma final de Copa do Mundo. O Calçadão estava cheio, o paradão, também. Pessoas indo e vindo. Políticos distribuindo sorrisos, abraços e panfletos. Comerciantes com lojas abertas e funcionários à espera de clientes.
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Entre esses milhares de trabalhadores, o seu Alfonso Woltmann, 68 anos, que já assistiu a dois presidentes serem destituídos do poder:
– Se ela (Dilma) errou, pode ser que o outro (Temer) acerte – espera o otimista vendedor de churros, que trabalha há 25 anos no mesmo lugar.
Pelas ruas da cidade
Diferentemente das redes sociais, onde teses e mais teses são escritas e reescritas, nas ruas, a população se acanha. Desconversa. Compara o impeachment à má fase do Inter, que jogaria na noite de ontem em busca da primeira vitória após 14 jogos.
– Os dois assuntos do dia são o impeachment e a partida do Inter – gritou um popular, de longe, enquanto observava a conversa da reportagem com um taxista.
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No democrático paradão da Avenida Rio Branco, local onde se reúnem raças, credos e opiniões, as mais variadas visões políticas. Contra ou a favor do impeachment, a esperança é tão efêmera quanto a regularidade dos ônibus.
– Vai ficar como está. Se com ela não melhorou, não vai ser agora. As coisas estão cada vez mais caras – afirmou a incrédula auxiliar de cozinha Rosane Dorneles, 55 anos.
Veja como votaram os senadores
Dentre as frases proferidas em mais de duas horas de peregrinação da reportagem do Diário por ruas centrais, algumas se destacam e até se repetem: “não tenho opinião formada”, “não acompanhei”, “não sei o que vai mudar para mim”, “estou em cima do muro”. Também há os que defendam com vigor a sua posição.
– Votei nela e não me arrependo – garantiu a doméstica Sônia Leite, 56 anos, com absoluta firmeza, antes de subir ao ônibus.
E os que têm esperança na mudança.
– Pior que está, não fica. Torcemos por isso – ansiava o taxista Moacir Silva, 60 anos, enquanto aguardava um passageiro.
Nesta quarta-feira, começa setembro. Mês em que se comemora a Independência do Brasil, um dos momentos históricos mais significativos do país. Foi em 7 de setembro de 1822 que o Brasil conquistou a sua autonomia política.
Dia histórico
Nas ruas, como os santa-marienses acompanharam a decisão final do impeachment
Como se fosse uma quarta-feira qualquer, muitos sequer sabiam do desfecho da votação no Senado. Outros, tomaram posição
Pedro Pavan
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