A Polícia Civil confirmou neste domingo a morte de José Rodrigo Araújo Vasco, que estava internado há mais de dois meses no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre.
Vasco é a oitava vítima fatal do incêndio que atingiu em 21 de julho o Centro Novos Horizontes (CNH), clínica de tratamento para dependentes químicos situada em Arroio dos Ratos, na Região Carbonífera. Todos eram pacientes e morreram carbonizados ou pela inalação de fumaça. O proprietário, o gerente e o coordenador da clínica e outros três colaboradores estão presos preventivamente no Presídio Estadual de São Jerônimo, por sete homicídios triplamente qualificados (motivo torpe, meio cruel _ com emprego de fogo e asfixia _ e recurso que dificultou a defesa das vítimas), duas tentativas de homicídio também triplamente qualificadas, cárcere privado (internação em casa de saúde, privação por mais de 15 dias e que resultou às vítimas, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral).
Todos foram denunciados pelo Ministério Público e podem virar réus. A morte de Vasco pode render uma oitava denúncia por homicídio.
Além de Vasco, que sofreu queimaduras no corpo inteiro, morreram Paulo Elivelto Silva Rodrigues, Otávio Silva Napp, Mateus Scheitt Pietrich, Gabriel de Souza Rosa, Samir Prestes Ferreira, Adriano de Souza Antunes e Souza e Gustavo Brito Fagundes. O incêndio aconteceu por volta da 1h da madrugada de 21 de julho. Conforme as necropsias, as mortes ocorreram por inalação de gases irrespiráveis (monóxido de carbono) e carbonização (fogo).
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Uma nona pessoa, Tiago Eduardo Marinho, ficou ferida. Na ocasião do incêndio, as vítimas estavam em reabilitação em um local chamado de Centro de Observação - CO, que consistia em dois quartos contendo grades nas portas e janelas, fechadas com cadeado, para desintoxicação por um período de 15 a 30 dias.
As pessoas não puderam se salvar porque não conseguiram sair do local, já que as portas e janelas estavam fechadas trancadas. A comunidade CNH utilizava como método terapêutico a privação de liberdade dos residentes, sem qualquer amparo legal, em contrariedade à lei. As normas dispõem expressamente que todas as portas dos ambientes de uso dos residentes devem ser instaladas com travamento simples, sem o uso de trancas ou chaves.