Após quase dois anos de espera, agora a família do haitiano Phane Luxana está completa. O pedreiro, de 30 anos, mora em Três Coroas, no Vale do Paranhana.
Da mesma forma que milhares de haitianos, veio em busca de uma vida melhor no Brasil. Só que teve que deixar para trás os filhos e a esposa. O sonho de trazer todos para o Brasil foi realizado nesta sexta-feira (9). Mas o processo não é tão simples.
Em outubro do ano passado, com o dinheiro guardado do trabalho na construção civil, Phane conseguiu fazer com que a esposa, Mislene Noel, 30 anos, e a filha caçula, Minen Luxana, 2 anos, também viessem morar com ele. Porém, os outros dois filhos do casal, de 5 e 6 anos de idade, tiveram que permanecer no Haiti, na casa de familiares.
Além de ter que vencer a burocracia, também foi preciso muito dinheiro para as passagens aéreas. Phane, que já estava pensando em desistir e voltar para o Haiti, recebeu a ajuda da comerciante Marileuza Ruppenthal, 56 anos.
Ela descobriu a história quando estava em um restaurante da cidade e pessoas relataram que um casal de haitianos estava enfrentando muitas dificuldades. Começou então uma campanha para arrecadar fundos e auxiliar no deslocamento dos familiares do haitiano para o Rio Grande do Sul.
Ao compartilhar a história no Facebook, no Natal do ano passado, Marileuza deu início a uma campanha que mobilizou muita gente. Dias depois, conseguiu arrecadar os R$ 12 mil necessários para trazer as duas crianças haitianas para o Estado.
A chegada foi emocionante. O avião pousou em Porto Alegre ao meio-dia. Quando as duas crianças passaram pela porta principal do desembarque, os pais e a irmã caçula correram para abraçar os familiares. O pai agradeceu a ajuda de todos.
"É muita alegria. Não sei como agradecer a todo mundo do Brasil que nos ajudou. Estou me sentindo muito feliz", sorriu.
Os pequenos Padhlyn e Lucson vieram acompanhados de um tio, pois não poderiam viajar sozinhos. No início eles estavam um pouco tímidos, pois não viam os pais há muito tempo. Mas logo começaram a brincar com a irmã mais nova.
A aposentada Marileuza Ruppenthal ressalta que a persistência foi fundamental para o desfecho da história.
"Você tem que ser persistente e com a ajuda de todos, dos ouvintes, dos moradores da nossa cidade, deu tudo certo. Estou muito feliz. Hoje, me sinto uma vitoriosa", comemorou.