Para amplificar os argumentos apresentados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante das acusações de corrupção ao petista, o Diretório Nacional do PT elaborou uma cartilha intitulada A Caçada Judicial ao ex-presidente Lula. Em quatro idiomas - português, inglês, espanhol e francês - a publicação será distribuída a grandes veículos de comunicação nacionais e mundiais, aos diretórios municipais e estaduais do partido, e a parlamentares e lideranças do PT de todo o Brasil.
O documento foi baseado na petição que os advogados do ex-presidente protocolaram no fim de julho na Organização das Nações Unidas (ONU) denunciando o tratamento que vem sendo dado a Lula por setores da Justiça e da mídia, aos quais a defesa acusa de perseguição. Segundo a assessoria de imprensa do PT, a cartilha já começou a ser distribuída.
"Enquanto tentam encontrar um crime - qualquer um - para condenar Lula nos tribunais, adversários do maior líder político do Brasil promovem um julgamento pela mídia, na mais violenta campanha de difamação contra um homem público em toda a história do país", denuncia trecho da cartilha.
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No documento, o PT diz que em mais de 40 anos de atividade pública, a vida de ex-presidente foi vasculhada em todos os aspectos, "mais do que a de qualquer outro político brasileiro", e que apenas a ditadura militar condenou e prendeu Lula, em 1980, com base na Lei de Segurança Nacional, por "subversão", durante a luta pela redemocratização do país.
"Apesar das falsas acusações que sempre sofreu, nunca se demonstrou nada de errado na vida de Lula, porque ele sempre agiu dentro da lei, antes, durante e depois de ser presidente do Brasil", diz outra parte do documento.
Segundo a cartilha do PT, desde a reeleição da presidenta afastada Dilma Rousseff, em outubro de 2014, Lula tornou-se alvo de uma verdadeira caçada judicial. "Agentes partidarizados do Estado, no Ministério Público, na Polícia Federal e no Poder Judiciário, mobilizaram-se com o objetivo de encontrar um crime - qualquer um - para acusar Lula e levá-lo aos tribunais."
No texto, o partido indica o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato na primeira instância, como um dos promotores da "perseguição" a Lula. O documento diz que Moro e procuradores da força tarefa da operação submetem o ex-presidente a uma série de "constrangimentos e arbitrariedades, que violam não apenas suas garantias, mas os princípios do Estado Democrático de Direito, ameaçando toda a sociedade".
A cartilha cita como evidência desta perseguição as quebras dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Lula, de seus filhos, de sua empresa de palestras e do Instituto Lula. Segundo o documento, a perseguição também se estendeu a seus advogados.
A condução coercitiva do ex-presidente para prestar depoimento à Polícia Federal no dia 4 de março deste ano e a divulgação de uma conversa telefônica com Dilma, considerada posteriormente ilegal pelo Supremo Tribunal Federal, também demonstrariam as perseguições sofridas pelo petista, segundo a cartilha.
"Na ausência de acusações formais, pois Lula sempre agiu dentro da lei, promovem um julgamento pela mídia (trial by media), sem equilíbrio e sem direito ao contraditório. Boatos, ilações e vazamentos seletivos de investigações são divulgados com estardalhaço, num verdadeiro linchamento moral e político", de acordo com o texto.
A cartilha diz ainda que o ex-presidente tem colaborado com todas as investigações e que, apenas nos últimos 12 meses, Lula prestou cinco depoimentos à Polícia Federal e apresentou informações por escrito ao Ministério Público em dois inquéritos.
O texto atribuiu boa parte da perseguição ao ex-presidente à liderança política do petista. "Lula é perseguido porque não podem derrotá-lo nas urnas. E apesar da sistemática campanha de difamação jurídico-midiática, continua sendo avaliado nas pesquisas como o melhor presidente que o Brasil já teve, além de liderar as sondagens para uma futura eleição presidencial", diz a cartilha.
O texto diz ainda que a campanha feita contra Lula é "a maior operação de propaganda opressiva que já se fez contra um homem público no Brasil".