Geral

Painel RBS

Mudanças no sistema prisional e na legislação norteiam debate sobre segurança pública

Representantes do Judiciário, da Brigada Militar e da sociedade civil deram sugestões para melhorar a segurança no Estado

Cadu Caldas

Enviar email

Aumento do número de vagas nos presídios, maior rigor dos juízes na aplicação da lei, mudanças no Código Penal brasileiro, ampliação do efetivo da Brigada Militar e avanço dos investimentos em educação foram algumas das soluções apontadas para combater a crise que afeta a segurança pública no Rio Grande do Sul. O tema foi debatido no do Painel RBS Segurança Já, realizado na tarde desta sexta-feira no estúdio da RBSTV em Porto Alegre.

Mediado pelos jornalistas Túlio Milman e Carlos Etchichury, o encontro reuniu o desembargador do Tribunal de Justiça, Túlio Martins, o advogado da ONG Brasil sem Grades, Alexandre Contêssa, o diretor do Colégio Dom Bosco, Padre Marcos Sandrini, o subprocurador para assuntos institucionais do Ministério Público, Fabiano Dallazen, e o comandante-geral da Brigada Militar, Alfeu Freitas.

Comandante-geral da BM, Alfeu Freitas ressaltou que a polícia tem feito o possível para manter os criminosos presos, mas faltam presídios no Estado.

– Estamos numa batalha grande. Temos 497 municípios, deveríamos ter 497 presídios. É importante recuperar, mas também encarcerar – disse.

Leia mais:
120 homens da Força Nacional devem chegar à Capital no domingo
7 momentos em que o governo estadual descartou chamar a Força Nacional

Freitas reclama da sensação de impunidade que os bandidos sentem:

– O problema é a lei. Se condenado a 10 anos, a pena deveria ser de 10 anos, não um ou dois. A política adotada nos Estados tem sido cada vez mais de desencarcerar. No momento que a pessoa cometer o crime, for presa e tiver certeza que vai cumprir a pena, a violência diminui. Essa é a batalha.

Desembargador do Tribunal de Justiça Túlio Martins ressalta que se o juiz solta um criminoso é porque obedece ao que a lei manda e que a falha não é do magistrado, mas do sistema legal. Citou o exemplo dos Estados Unidos, onde os presos trabalham para poder diminuir a pena.

– As leis penais brasileiras são cada vez mais benevolentes e mais brandas. O resultado logico é esse. Não acho que seja problema de aplicação – afirmou.

Leia também:
Governo tem potencial de liberar até 400 PMs para policiamento ostensivo
ÁUDIO: em depoimento, preso diz que comparsa atirou "sem querer"

Martins confirma que falta vagas nas cadeias e expõe os juízes a uma escolha de sofia, obrigando-os a soltar o condenado “que causaria menos dano à sociedade”.

– Precisamos mais presídios, mais vagas. Mas precisamos ser melhores eleitores também – completou

Para o Subprocurador para assuntos institucionais do Ministério Público, Fabiano Dallazen, não há solução de curto prazo, mas assuntos em discussão hoje afetarão fortemente a interpretação jurídica no futuro.

Uma delas, afirmou, se refere à votação de um novo código processo penal no Congresso Nacional. Na avaliação de Dallazen, o novo texto não reflete em nada os anseios da sociedade por mais rigor.

Leia mais:
Oito em cada 10 gaúchos pediam a Força Nacional no início do ano
Novo secretário de segurança deve ser definido em um mês, diz vice-governador do Rio Grande do Sul

O diretor do Colégio Dom Bosco, Padre Marcos Sandrini, contou sobre a consternação da comunidade escolar após a morte trágica da mãe de um aluno na noite de quinta-feira e defendeu que os mais jovens não são os principais delinquentes.

– Quem esta na prisão hoje são os jovens, mas os jovens não são os principais delinquentes. Sim, eles cometem o crime. Mas é um jovem de 22 que ameaça a sociedade? Ele chegou até aquela situação por acaso? –questionou.

O advogado da ONG Brasil sem Grades, Alexandre Contêssa, criticou a crença de que a Justiça prende a e a lei solta e afirmou que muitas vezes quem libera o condenado é o magistrado, que tem uma visão muito liberal da lei.

– Muitas vezes ficam procurando atenuantes para salvaguardar o direito dos bandidos. Não faz sentido. Existem questões culturais que precisamos pensar. Uma vitimização do bandido. Parece que de alguma forma nós que sofremos é que somos causadores do problema – disse.


GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Gaúcha Faixa Especial

19:00 - 22:00