A Polícia Federal indiciou, nesta sexta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em inquérito que investiga a posse de um tríplex do Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral paulista. A informação foi confirmada a Zero Hora por um dos investigadores do caso.
A investigação apura se reforma realizada no tríplex foi feita a pedido do ex-presidente ou seus familiares. A PF concluiu que sim - Lula seria o verdadeiro dono do tríplex, algo que ele nega com veemência. Ele foi indiciado por corrupção e lavagem de dinheiro. Além dele, foi indiciada também sua mulher, Marisa Letícia. A PF calcula que as obras e a armazenagem de bens do casal, bancadas pela OAS, custaram R$ 2,4 milhões.
Essa é a primeira vez que Lula é indiciado na Operação Lava-Jato. O apartamento triplo no Guarujá foi adquirido pela OAS e foi reformado pela empreiteira, acusada de corrupção na Petrobrás. O responsável pelas obras foi o engenheiro Paulo Gordilho, que teria participado da reforma da cozinha do tríplex e de outro imóvel que a PF também acredita pertencer a Lula, um sítio em Atibaia (SP). Lula nega conhecer Gordilho.
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O inquérito foi concluído pelo delegado Márcio Anselmo.
Conforme a PF, Lula teria recebido "benesses" das empreiteiras que formaram um cartel para ganhar contratos da Petrobras. Entre elas, Odebrecht e OAS. Os dirigentes dessas duas empresas tentam firmar acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
Foi para investigar os fatos ligados ao triplex e também ao sítio que Lula foi alvo de condução coercitiva, no dia 4 de março, durante a 24ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Aletheia. A condução de Lula foi encarada quase como uma "detenção" por parte dos partidários do ex-presidente, cujos advogados fizeram reclamação formal junto à Organização das Nações Unidas (ONU) pelo tratamento dispensado a Lula.O indiciamento de Lula, no momento, se resume ao triplex. O caso do sítio em Atibaia permanece em investigação. Outro caso em que Lula é investigado pela Lava-Jato é o da empresa de palestras L.I.L.S. A PF suspeita que o ex-presidente não realizou algumas palestras, mas foi pago pelas empreiteiras, como compensação a favores recebidos durante o governo.
Os indiciados:
Lula - corrupção passiva, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro;
Marisa Letícia- corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
Léo Pinheiro - corrupção ativa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro;
Paulo Gordilho - corrupção ativa e lavagem de dinheiro;
Paulo Okamotto - corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de capitais.
Em nota à imprensa, os advogados que defendem o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e sua esposa, Marisa Letícia, disseram repudiar o indiciamento de seus clientes. Segundo eles, o inquérito policial, assinado pelo delegado Marcio Adriano Anselmo, "tem caráter e conotação políticos e é, de fato, peça de ficção".
"Lula e D. Marisa não cometeram crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica ou lavagem de capitais", diz a nota de repúdio assinada pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, que defendem Lula e Marisa.