Ainda nem tinha começado a escurecer quando Monique Silva, 24 anos, baixou as portas da loja de acessórios para celular que gerencia na Rua Doutor Flores, no centro de Porto Alegre. Com boatos de que o entardecer seria violento em consequência da paralisação dos servidores da área de segurança pública, ela e os colegas combinaram de encerrar o expediente duas horas antes do habitual. Não soube de nenhuma anormalidade – o dia transcorreu normalmente, de acordo com o Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI) –, mas isso não a tranquilizou.
– Todos nós estamos com medo – disse ela, relatando que o Centro estava vazio demais, o que não é comum para um dia de semana.
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A loja em que Monique trabalha é apenas uma entre outras tantas que fecharam mais cedo no Centro. A cozinheira Janaína de Souza Domingues, 34 anos, pediu aos chefes para sair antes do trabalho. Por volta das 18h30min, esperando o ônibus na parada da Avenida Salgado Filho, conversava sobre a paralisação com a auxiliar de clínica de radiologia Caroline de Mello, 22 anos.
– A sensação de insegurança é maior – diz Janaína.
– Tenho medo de ser assaltada, medo que me machuquem – relata Caroline, destacando que a clínica onde trabalha permaneceu o dia às moscas e também fechou antes.
Apesar da sensação de insegurança, foi possível observar mais policiais circulando por Porto Alegre do que o habitual. Ao assistir a uma viatura e policiais a cavalo passando pela Rua Voluntários da Pátria, o fiscal de loja Rosalino Marques, 63 anos, disparou:
– Disseram que não ia ter policiamento, mas hoje é o dia que mais tem.
Na Cidade Baixa, o comerciante Claudir Merlo, 51 anos, disse que não havia sentido nenhuma diferença - até porque, em questões de segurança, "sempre está ruim". Mas também avaliava a possibilidade de fechar seu minimercado por volta das 21h, em vez de meia-noite, se o bairro estivesse pouco movimentado.