Nesta terça-feira, a maior obra viária de Santa Maria completa 20 meses de execução. Quando as primeiras máquinas cortaram a terra, perto da Ulbra, numa tarde chuvosa de 16 de dezembro de 2014, muitos santa-marienses não acreditavam que, um dia, as rodovias de acesso da cidade poderiam mesmo ser duplicadas. Também não tinham noção da extensão das obras e de como elas mudariam a rotina e o cenário da periferia da cidade, por onde cruzam as BRs 287 e 158. Passado um ano e oito meses, 26% das obras da duplicação já estão concluídas, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Dos R$ 309 milhões previstos para duplicar os 14,5 km, já foram gastos R$ 81,1 milhões.
Após três dias para içamento de vigas, trânsito é liberado no Trevo do Castelinho
Como o prazo inicial para concluir a duplicação era de três anos, o cronograma está atrasado, pois o repasse de verbas foi menor do que o necessário. Para terminar a duplicação até dezembro de 2017, como o previsto inicialmente, a travessia já deveria estar com mais de 50% das obras prontas. Ou seja, não está sendo feito no ritmo ideal, mas, pelo menos, a duplicação de Santa Maria não chegou a ser paralisada, como outras obras importantes do Dnit no Estado: a segunda ponte do Guaíba e a duplicação da BR-290, que pararam por falta de verbas e, só agora, estão sendo retomadas.
VÍDEO: Parte das vigas já foi instalada na obra do viaduto do Trevo do Castelinho
Trechos já recebem asfalto
Dos 14,5 km que serão duplicados em Santa Maria, quase tudo já recebeu as obras de terraplenagem – no lote 1, entre os trevos da Castelinho e da Uglione, essa etapa foi 100% finalizada, enquanto no lote 2, da Uglione até perto da Ulbra, 75% da terraplenagem foi feita, faltando só em trechos onde é preciso remover casas ou parte de terrenos de empresas. Para terraplenar o solo e fazer a base da rodovia, foi preciso retirar centenas de árvores, remover toneladas de solo e colocar milhares de cargas de pedra. Alguns trechos já começaram a receber asfalto, como nas ruas laterais perto do novo shopping e entre os trevos da Uglione e da estação rodoviária.
Começa asfaltamento das ruas laterais da duplicação das BRs em Santa Maria
No lote 1, está sendo feito o viaduto do Castelinho, que teve as vigas içadas na semana passada e deve ficar pronto e ser liberado ao tráfego até dezembro – essa obra é prioridade. As ruas laterais perto da Fiat estão sendo asfaltadas porque serão usadas como desvio nos próximos meses, quando a pista central da rodovia será bloqueada para começar a obra do viaduto no cruzamento com a Rua Duque de Caxias – ainda sem previsão exata de início e de conclusão. O consórcio Continental/Sogel, de Porto Alegre, também já está fazendo obras no Trevo da Uglione, mas a construção do viaduto só deve ocorrer a partir de 2017.
Já no lote 2, da Uglione à Ulbra, a prioridade do Dnit é concluir a passagem inferior (espécie de túnel) no cruzamento da BR-287 com a Avenida Maurício Sirotsky Sobrinho – ali, a rua lateral já foi asfaltada e é usada para desviar o trânsito, pois a pista antiga está sendo escavada para a obra da passagem inferior. A meta é terminar essa obra até dezembro porque o local terá grande fluxo de veículos, já que, em abril de 2017, o novo shopping Praça Nova Santa Maria deve ser inaugurado. No lote 2, também estão sendo construídas as segundas pontes sobre os arroios Ferreira e Taquara, perto da Ulbra, e começaram as fundações do viaduto nos trevos da Tancredo Neves e do Distrito Industrial, sem data para ser concluído.
LOTE 1
Onde: do Trevo do Castelinho até as proximidades do Trevo da Uglione
Extensão: 5,1 km
Consórcio da obra: Continental/Sogel
Concluídos até agora: 25,2%
Total já investido: R$ 36,3 milhões
Conclusão: Ainda sem data (dependerá do repasse de verbas)
LOTE 2
Onde: de perto do Trevo da Uglione até o Arroio Taquara (perto da Ulbra)
Extensão: 9,4 km
Consórcio da obra: Consórcio Travessia
Concluídos até agora: 27,2%
Total já investido: R$ 44,9 milhões
Conclusão: Ainda sem data (dependerá do repasse de verbas)
Futuro da duplicação depende de mais R$ 210 milhões
Para 2016, já estão garantidos mais R$ 18 milhões para a travessia urbana. Isso permite a continuidade da obra até dezembro. Porém, para 2017, o Dnit prevê a liberação de mais R$ 80 milhões. Esse foi o valor pedido aos ministérios dos Transportes e da Fazenda no projeto do Orçamento da União, que deve ser enviado em breve ao Congresso. Ou seja, a aprovação de verbas para a obra de Santa Maria dependerá da força política.
Em anos anteriores, os valores pedidos sofreram cortes parciais. Como ainda precisam ser investidos cerca de R$ 210 milhões para concluir a duplicação, mesmo que sejam liberados R$ 80 milhões para 2017, não será suficiente. Na prática, é provável que a obra toda só fique pronta em 2018 ou 2019. Mas os trechos já concluídos serão liberados antes.
Retirada de casas
A conclusão da obra também dependerá da remoção de casas e de empresas. A estimativa era de que mais de 120 terrenos seriam atingidos pela duplicação – em alguns trechos, a nova pista vai passar sobre a parte da frente de terrenos de algumas empresas, e enquanto em outros locais, casas inteiras serão removidas.
Segundo o Dnit, estão sendo finalizados os cadastramentos sociais das famílias e empresas atingidas. Equipes seguem na rua realizando o levantamento. A previsão é encerrar esta fase até o final do ano para, depois, enviar os processos à Justiça. Mas nem todos os afetados serão indenizados, pois parte dos donos já tinha recebido indenização quando a BR-287 foi construída, na década de 1970.