Uma denúncia que chegou à Polícia Civil de Boa Vista (RR) no ano passado e foi divulgada nesta quarta-feira aponta um dos homens mais poderosos de Roraima, o senador Telmário Mota (PDT), 58 anos, como o responsável por espancar uma jovem de 19 anos.
Conforme o jornal Folha de S. Paulo, no último dia de 2015 a estudante universitária Maria Aparecida Nery de Melo, 19 anos, procurou a Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência contra Mota. Segundo ela, o político a espancou com chutes e socos. A jovem relatou que a violência das agressões foi tão grande que provocou um desmaio.
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Na ocorrência, a jovem afirmou ainda que mantinha um relacionamento amoroso com o parlamentar por cerca de três anos e meio e que, nos últimos meses do ano passado, "sofria ameaças de morte". De acordo com o boletim de ocorrência, as agressões ocorreram após um acesso de ciúme do senador durante um encontro com a família de Maria.
Conforme a estudante, ele não teria gostado de cumprimentos dados a Maria por familiares. Revoltado, ele a levou a um quarto, onde teriam ocorrido as agressões. A jovem disse, ainda, que teve a boca tapada para que sua família não ouvisse seus gritos ou pedidos de socorro.
Titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), a delegada Verlânia Silva de Assis afirmou que o caso ficou caracterizado "violência contra a mulher" e que as agressões foram confirmadas por exame de corpo de delito que apontou "múltiplas lesões".
Ao jornal Folha de S. Paulo, Mota negou ter agredido a garota e ter mantido relacionamento amoroso com ela. O senador é casado médica Suzete Macedo, que em maio foi condenada a sete anos e oito meses de prisão por envolvimento no esquema de desvio de verbas públicas conhecido como "Escândalo dos Gafanhotos".
– Não teve negócio de agressão, não existe isso, em nenhum momento, até porque não tenho nada com ela. (Não agredi) nem ela nem mulher nenhuma. Fui criado pela minha mãe. Agora, macho, não. Macho vou pra porrada mesmo. Desafio (provar), 58 anos e nunca houve (agressão a mulher). Desafio. Inventaram essa onda toda, essa conversa – disse ao jornal.
O senador disse ainda que "nunca foi ouvido" pela polícia sobre o assunto. Ele apresentou uma "certidão" expedida pela Delegacia-Geral da Polícia Civil de Roraima que aponta "a inexistência de procedimento (inquérito policial, termo circunstanciado de ocorrência, boletim de ocorrência) tramitando ou arquivado em nome" de Telmário.
Como o parlamentar detém foro privilegiado por ser senador, a delegada encaminhou os autos à Procuradoria da República em Roraima. Em 31 de maio, o caso foi enviado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que abriu um procedimento preliminar interno.
Segundo a Folha de S.Paulo, a PGR já intimou, em 22 de junho, a defesa do parlamentar a se manifestar. Ao final dessa fase inicial de obtenção de informações, Janot decidirá se pede ou não ao Supremo Tribunal Federal a abertura de um inquérito.