Pela primeira vez em 14 anos, Santa Catarina registrou mais desligamentos que admissões nos primeiros seis meses do ano. Mais de 7,2 mil postos de trabalho foram eliminados. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta quarta-feira pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). Os números levados em conta são de empregos formais. O Estado começou o ano bem, mas desde março vem apresentando saldos negativos. (Veja o gráfico ao final do texto)
Nos últimos doze meses, mais de 79 mil empregos deixaram de existir em SC. Serviços e Indústria são os setores mais afetados. Em junho, a indústria fechou 3,1 mil postos. Na análise do semestre, contudo, o setor industrial isoladamente tem saldo positivo. Para o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, os números mais recentes surpreenderam.
- Como o índice de confiança na economia melhorou, se esperava que houvesse um número menor de fechamento de postos de trabalho em junho. Mas isso reflete as condições da nossa economia. Estamos há três anos com PIB caindo. Apesar de tudo, Santa Catarina teve uma das menores quedas entre os Estados. E ainda estamos com saldo positivo (no setor industrial) - diz Côrte.
No Brasil, é o pior saldo desde 2002 para um primeiro semestre. Foram eliminados 531 mil postos em todo o país entre janeiro e junho. No mês de junho, a perda foi de 91 mil. Mas já houve tempos piores. Apenas em dezembro de 2015, por exemplo, 500 mil vagas deixaram de existir. Somente três Estados tiveram saldo positivo no primeiro semestre: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Roraima.
Em Florianópolis, no ano passado, foram eliminadas 2,3 mil vagas. Apenas nos seis primeiros meses deste ano, já se foram 6,5 mil postos na Capital. Joinville perdeu 10,4 mil vagas em 2015. O saldo dos primeiros seis meses, contudo, não é tão assustador: 115 vagas a menos. Já Blumenau, que perdeu 5,3 mil em 2015, ganhou mil na primeira metade de 2016 e por enquanto é o melhor saldo do Estado. É importante considerar, todavia, que boa parte disso vem do setor público, que abriu 1,3 mil vagas na cidade este ano.
Quando se avalia apenas o mês de junho, a perda de postos em SC supera os 8,2 mil. É o pior junho do Estado desde 2002. No mesmo período do ano passado, foram geradas 13,2 mil vagas. As cidades que mais perderam empregos, são aquelas onde predominam ou serviços ou indústria. Em junho, Florianópolis, onde os serviços têm mais peso, foi a recordista com 1,5 mil vagas a menos. Blumenau, mais industrial, é a vice-líder, com eliminação de 1,2 mil. Em terceiro vem Joinville, que deixou de ter 758 postos.
Apesar dos números ruins, o presidente da Fiesc acredita que o segundo semestre será melhor. Para Côrte, a economia passa ainda por um processo de acomodação e a demanda ainda não foi recuperada. O cenário deve começar a desanuviar nos próximos meses.