Os 12 presos pela PF na Operação Hashtag (como é denominada a ação antiterrorista de hoje) juraram fidelidade ao Estado Islâmico (EI). Fizeram isso por meio de uma cerimônia conhecida como "Batismo", na qual asseguram que vão praticar atentados em nome da causa muçulmana. O juramento, denominado "bayat", foi feito apenas pela internet, num chat secreto que circulava por 10 Estados, mas que foi monitorado pela Polícia Federal. Era feito mediante uma gravação. As informações foram dadas pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em entrevista coletiva em Brasília, hoje.
Um menor de idade também participava das conversas no chat. Um dos presos chegou a encomendar armas no Paraguai. Ele ingressou num site de venda clandestina de material bélico e encomendou um fuzil russo AK-47. Não há informações de que ele tenha conseguido adquirir de fato a arma. Ele também teria planejado viajar ao Exterior para comprar mais armamento. Não foi falado em bomba, nos diálogos interceptados.
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Essa combinação de compra de armas, mesclada a mensagens de Telegram e Whatsapp no qual todos os presos combinam compra de armamento, munição e treinos de artes marciais para "agir" durante a Olimpíada do Rio, determinaram o pedido de prisões feito pela PF. A solicitação foi acatada pela 14ª Vara Federal de Curitiba.
– Eles comemoraram os atentados de Orlando e da França. A troca de mensagens mostra degradação moral e também preparação para realizar atos semelhantes. A negociação pela compra da arma é um ato preparatório e as comunicações entre eles, também – ressaltou Moraes, justificando a necessidade da operação.
Moraes admite que não havia comunicação entre os suspeitos sobre possíveis alvos. A combinação, genérica, era "agir" na Olimpíada.
Os suspeitos presos integravam um grupo denominado Defensores da Sharia e estavam ligados a uma ONG, também investigada.
– Era uma célula absolutamente amadora. A mensagem sobre treinar lutas marciais é recente. A ideia de comprar arma pela internet me parece uma loucura, estando eles próximos ao Paraguai, onde infelizmente há facilidade de acesso a armamento. Mas não podemos menosprezar o planejamento feito – enfatiza Moraes.
O secretário diz que o momento da PF agir foi decidido quando os simpatizantes do EI deixaram de considerar o Brasil um país neutro e admitiram possibilidade de agir aqui.O secretário da Justiça evitou detalhes sobre a identidade dos presos, mas informou que dois já foram investigados por homicídios.
Essa foi a primeira onda de prisões com base na nova Lei AntiTerrorismo (13.260/2016) em vigor no Brasil. Os investigados responderão individualmente pelos crimes de promoção de organização terrorista (pena de cinco a oito anos de prisão) e realização de atos preparatórios de terrorismo (pena de três a 15 anos de prisão).