Os reflexos da crise no maior plano de saúde privado da Serra são sentidos com maior intensidade neste primeiro semestre do ano. A Unimed Nordeste perdeu 4 mil usuários nos primeiros meses de 2016 de um total de 230 mil cadastrados. O principal motivo da saída do sistema de saúde privado é a a crise da indústria regional, já que 80% dos planos da Unimed são empresariais e, por isso, puxam a redução de usuários.
Por outro lado, aumentou o número de planos particulares. A maior parte dos 4 mil convênios vendidos neste ano é para pessoas físicas. No ano passado, foi comercializado quase a metade disso, 2,5 mil. Mesmo que o setor ensaie uma recuperação nas vendas, foi a partir de janeiro deste ano que houve um número maior de pessoas que se desligaram dos planos em função do último trimestre do ano passado ter sido considerado para muitas empresas da Serra o fundo do poço. O presidente da Unimed, Carlos Castellano Silveira, destaca que o impacto disso. "Cada funcionário que sai de uma empresa costuma ter dependentes, por isso o reflexo é muito maior", exemplifica.
Para se ter uma ideia, Caxias do Sul perdeu 2,1 mil vagas até maio deste ano, segundo o último levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Na região, a Unimed perdeu quase o dobro disso. Além dos dependentes, o que explica o número expressivo é também o período de carência de cerca de um ano que os trabalhadores têm com o plano após a demissão. Os 4 mil contabilizados pela empresa são aquelas pessoas que se desligaram de vez, mesmo com todos os esforços da Unimed para que permaneçam. "Temos programas para reter quem perdeu o emprego, oferecendo flexibilidade e planos mais baratos", destaca Castellano.
São movimentos deste tipo que ajudam a explicar o aumento na venda de planos particulares para compensar a saída dos convênios empresariais. Este último é o principal sustento da instituição. Na região, Caxias do Sul lidera a perda de planos de saúde, seguida de Farroupilha. Bento Gonçalves se manteve estável e Flores da Cunha foi a única cidade, entre as maiores, que apresentou aumento.
Ampliação do hospital de Caxias do Sul
Embora a Unimed venha perdendo usuários para o SUS e planos de saúde mais baratos, os investimentos na ampliação do Hospital da Unimed em Caxias do Sul são mantidos. A previsão de inauguração da primeira fase se estende até março do ano que vem. "Nós estamos construindo o hospital, mesmo em tempos de crise, porque a gente acredita que vai sair dela e conseguir atender mais pessoas", afirma o presidente.
Hoje o hospital tem 12 mil metros quadrados e chegará a 31 mil. Na primeira etapa, o pronto-atendimento da área Central de Caxias será transferido da Rua Pinheiro Machado para a área do bairro Marechal Floriano. O centro cirúrgico também inaugura nesta fase. Para 2017, são previstas as obras da nova ala materno-infantil e, para 2018, a ampliação dos atuais 110 leitos para 270.
Unimed em Farroupilha
Outro investimento previsto para os próximos anos é em Farroupilha. A construção do pronto-atendimento da cidade, na Rodovia dos Romeiros, foi iniciada por um grupo de 55 sócios, a maioria médicos, e a Unimed acabou de comprar a parte de todos. Nesta semana, a sociedade foi extinta.
Sempre existiu a ideia de transformá-lo em hospital e ele foi comprado para isso, segundo Castellano. "A intenção sempre existiu, mas primeiro tínhamos que organizar a parte legal. Começar uma obra em algo que não foi regularizado, não é bom. Já temos pré-projeto para evoluir para hospital e nós recentemente o revisamos.
Ele poderia abrigar até 60 leitos, mas agora depende de estudo de viabilidade, de receitas e despesas", explica. Conforme o presidente da Unimed, o foco agora é a obra de ampliação do hospital de Caxias do Sul.