Quando o analista de negócios Tiago Schulz, 34 anos, se dirigiu a uma lotérica para sacar uma parcela de R$ 1,5 mil do seguro-desemprego, em Porto Alegre, foi surpreendido pela notícia de que o valor já havia sido retirado em uma agência localizada em São Paulo. O episódio, ocorrido neste mês, serve de alerta para a ação de quadrilhas que falsificam documentos para se fazer passar por beneficiários do seguro em todo o Brasil.
Segundo o Ministério do Trabalho, desde o começo do ano, já foram abertos 3,1 mil processos administrativos em razão de desvios no pagamento do benefício. Uma das razões mais comuns para isso é atuação de golpistas que duplicam documentos, como carteira de identidade e de trabalho da pessoa desempregada, e conseguem sacar o dinheiro. Nos últimos dois anos, grupos desse tipo foram presos em regiões como Distrito Federal e Goiânia. Casos como o de Schulz demonstram que as quadrilhas seguem agindo.
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O analista de negócios recebeu três parcelas do seguro. Alguns dias antes da liberação do quarto pagamento, consultou o sistema informatizado da Caixa e confirmou que o dinheiro estaria disponível em 6 de julho. Esperou alguns dias para fazer o saque e, no dia 14, ao buscar o benefício, descobriu que alguém embolsara o valor em seu nome.
– Liguei para a agência de São Paulo, mas não souberam me dizer o que teria acontecido. Como pode alguém sacar em meu nome? – questiona o beneficiário, que não desconfia de como seus dados foram obtidos.
Além de sofrer o golpe, a vítima tem de enfrentar a burocracia. A orientação correta é abrir um processo no Ministério do Trabalho para, depois de uma análise, receber o seguro. Schulz diz que ainda está na fase inicial da contestação. Também tem planos de entrar com ação contra a Caixa.
Procurado por ZH, o banco informa que demandas relativas a golpes envolvendo o seguro são centralizadas no Ministério do Trabalho. O órgão, por sua vez, avalia que Schulz deve ter sido vítima de golpe. A devolução do recurso, porém, exige análises, coletas de documentos e assinatura do trabalhador para comprovar a fraude.
Como reduzir o risco
- Evite extravio de documentos e divulgação de informações pessoais.
- Abrir uma conta na Caixa para receber o seguro permite que o valor seja depositado diretamente em nome do beneficiário. Segundo o Ministério do Trabalho, a medida reduz o risco de fraudes. Hoje, 50% dos seguros são pagos dessa forma.
Como recuperar o dinheiro
- O beneficiário prejudicado deve se dirigir à unidade mais próxima do Ministério do Trabalho (a relação pode ser consultada na internet) e abrir um "processo de negativa de recebimento".
- Depois de análise, se confirmado que houve erro ou fraude, o valor deve ser restituído.