O Ministério Público Estadual (MP) entrou nesta segunda-feira com recurso na 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) pedindo revogação do habeas corpus ao advogado Guilherme Antônio Nunes Zanoni, acusado de matar a facadas Oscar Vieira Guimarães, síndico do prédio onde morava, no centro da Capital, em 2015.
leia mais
Advogado desiste da profissão após cruzar com assassino do pai na rua
OAB tenta fazer com que advogado que cruzou com assassino do pai não desista da profissão
Guilherme foi solto, em 14 de julho deste ano, sob justificativa de que não havia Sala de Estado Maior – garantia prevista para advogados sem condenação – no Presídio Central, onde estava preso. O promotor Adriano Marmitt, da Procuradoria de Recursos, argumenta que no 4º Regimento de Polícia Montada de Porto Alegre (4º RPMon) existe essa sala e, por isso, não se justifica mais a prisão domiciliar do réu, acusado de homicídio triplamente qualificado.
– Vivemos em um Estado carente de recursos e isso não nos permite construir áreas prisionais como essa no momento. Me parece coerente transferir o preso para essa sala no 4º RPMon, pois é um local que atende às especificações de uma Sala de Estado Maior. Não há grades, não tem vigia constante e já foi utilizado para esses fins – explicou Marmitt.
Guimarães, 61 anos, foi morto a facadas em novembro de 2015. Zanoni foi preso em flagrante pela polícia usando luvas cirúrgicas e portando a faca usada no crime junto ao corpo da vítima. Defesa do acusado diz que alternativa é ilegal Na semana passada, ZH noticiou que o filho de Guimarães, Rafael, 32 anos, também advogado, desistiu da profissão e de atuar como assistente de acusação no processo contra Zanoni. Ele tomou a decisão no dia 18, após cruzar na rua com o assassino confesso.
– Acho essa notícia (do recurso) excelente, pois depois de toda a repercussão que o caso teve, estava preocupado com a minha segurança. Estou confiante quanto à revogação da prisão domiciliar. Tenho que estar – afirmou Rafael Guimarães.
O advogado do acusado, Rodrigo Grecelle Vares, diz que uma sala equivalente não é a solução legal para o caso de seu cliente:
– A lei é muito clara. Prevê uma Sala de Estado Maior, não algo similar. Me estranha um promotor tentar deturpar a lei. Vou tomar as medidas cabíveis confiante de que o Poder Judiciário não vai modificar a decisão. Se houver necessidade, vou acionar a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
O advogado Eduardo Zaffari, presidente da Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas da OAB/RS, disse que se o local atender às especificações de uma sala de Estado Maior, poderá ser usado como tal.
– Nesses casos, o que menos importa é o nome da sala. Queremos que nossos colegas nessa situação fiquem, como prevê o estatuto, em um local digno e não em condições sub-humanas – disse.
*Zero Hora