A brincadeira é antiga e uma das atrações mais esperadas de uma festa junina. O casamento caipira retrata, normalmente, o casamento da roça, em que destacam-se personagens como o noivo, a noiva e o padre. Na edição da festa julina deste ano, os estudantes do 9º e 8º anos da Escola Municipal Hylda Vasconcellos, no bairro Campestre do Menino Deus, resolveram inovar e dar uma verdadeira lição de respeito e tolerância.
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O casamento caipira será gay: dois meninos e duas meninas irão se casar durante a festa. A iniciativa partiu dos próprios alunos, que resolveram abordar o assunto através da apresentação.
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– A escola toda se prepara para essa festa todos os anos. Em nenhum momento me passou pela cabeça que isso pudesse causar algum problema ou alguma polêmica na comunidade. A gente acha que esta discussão deve, sim, passar pela escola. Hoje se questiona muito a homoafetividade, e esses estudantes só querem pregar o amor ao próximo e mostrar que as pessoas devem ser respeitadas como elas são – comenta Martha Najar, coordenadora dos anos finais.
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Depois que uma notícia sobre a encenação foi publicada na internet, direção, professores e alunos receberam fortes críticas na web, e até pessoalmente. De acordo com a vice-diretora Juliana Campos, alguns pais chegaram a ir até a escola dizendo que não mandariam os filhos na festa em função do casamento.
– Os alunos envolvidos acham que essas críticas fazem parte desse momento e é exatamente isso que eles querem discutir. Eu tenho certeza que daqui sairão cidadãos preparados para lutar e enfrentar o mundo – salienta Juliana.
Com seriedade e humor
Na sexta-feira, os oito adolescentes envolvidos no casamento ensaiaram a cena. O professor de Educação Física Felipe Castro é quem está ajudando os alunos nas falas e nos passos.
– Como a proposta ficou um casamento gay e da roça, que faz parte de um festejo junino, tivemos que adequar. Eles queriam desconstruir os estereótipos dos personagens que normalmente são apresentados. É uma maneira de discutir o tema usando do humor, de uma maneira leve. É uma retratação do ponto de vista de adolescentes que querem passar a mensagem contra a homofobia – comenta.
A festa julina começa às 14h e o casamento caipira está previsto para ocorrer depois das 16h. A escola fica localizada na Rua Vereador Antônio Dias (logo após a subestação do CEEE), no bairro Campestre do Menino Deus.