Cinco policiais morreram durante um protesto em Dallas, no Texas, contra a violência policial contra negros nos Estados Unidos. Pouco depois das 21h (horário local, 23h em Brasília) de quinta-feira, tiros foram disparados de posições elevadas. Além dos cinco mortos, outros sete policiais e dois civis foram feridos.
Em confronto com a polícia durante a madrugada, um suspeito que se entrincheirou em um prédio foi morto. Na manhã de sexta-feira, a polícia tinha três suspeitos detidos – outro foi identificado erroneamente e liberado. Ainda não há informações sobre os autores e suas motivações. Um dos suspeitos se entregou e o outro foi preso após uma troca de tiros com a equipe da SWAT, precisou a polícia.
O centro de Dallas se transformou nesta sexta-feira em uma gigantesca área de investigações de agentes, esquadrões antibombas e especialistas em balística. Nenhum explosivo foi encontrado. Em Varsóvia, onde desembarcou nesta sexta-feira para participar de uma reunião de cúpula da Otan, o presidente Barack Obama disse que o ataque foi "perverso, calculado e desprezível contra as forças de segurança".
De acordo com a imprensa americana, o balanço do incidente é o mais grave contra as forças policiais desde os ataques de 11 de setembro de 2001. O chefe da polícia de Dallas, Max Geron, anunciou no Twitter que peritos realizam "amplas operações" em toda a área de Dallas. O serviço de transporte público foi desviado e restrições ao espaço aéreo foram anunciadas.
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– Os tiros vieram do teto – disse um manifestante à emissora Fox News. Testemunhas relataram ter ouvido mais de 10 tiros, que dispersaram a multidão. Policiais estariam à procura do suspeito, que seria um homem com um rifle.
Centenas de pessoas participavam da manifestação, que acontecia no Belo Garden Park, no momento dos disparos. As manifestações ocorrem um dia depois de dois casos envolvendo morte de homens negros após ações policiais.
Na noite de quarta-feira, Philando Castile, 32 anos, foi morto após uma blitz na cidade de Falcon Heights. Sua namorada gravou com o telefone celular os últimos momentos do jovem depois de ser baleado. Sua filha pequena também estava no carro.
Na véspera, outro homem negro foi abatido pela polícia na Louisiana (sul dos EUA). Alton Sterling, de 37 anos, vendia CDs na porta de uma loja de conveniências em Baton Rouge quando foi baleado por dois policiais brancos. O chefe de polícia da Louisiana disse que Sterling estava armado, mas uma investigação federal foi aberta para apurar o caso.
O presidente Barack Obama defendeu a reforma da polícia americana e reabriu o debate sobre o abuso da força policial nos Estados Unidos.
– Essa não é apenas uma questão negra. Não é apenas uma questão hispânica. É questão americana, com a qual todos nós deveríamos nos importar. Cabe a todos nós dizer que podemos fazer melhor do que isso. Somos melhores do que isso – acrescentou o presidente.
Estas mortes são sintomas "dos desafios em nosso sistema de Justiça criminal, da disparidade racial que se apresenta em nosso sistema ano após ano", completou Obama.
*Zero Hora com agências