No dia em que o incêndio na boate Kiss, considerada a maior tragédia do Estado, completa três anos e meio, o juiz titular da 1ª Vara Criminal, Ulysses Fonseca Louzada, proferiu uma das sentenças mais determinantes do principal processo do caso, o que pode responsabilizar criminalmente quatro pessoas pela morte de 242 pessoas e pela tentativa de morte de outras 636 que ficaram feridas no incêndio.
Juiz decide que réus do processo criminal da Kiss vão a júri popular
O presidente do Movimento Santa Maria do Luto à Luta, Flávio Silva, se mostrou satisfeito com a decisão e afirmou que a entidade não esperava outro resultado que não esse.
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– A decisão veio a calhar com o nosso pensamento, de que os quatro iriam a júri popular. Quarenta e dois meses depois, sai essa decisão, e, agora, vamos aguardar, pois, com certeza, as partes vão recorrer. Esperamos que o tribunal mantenha a decisão do juiz, de primeira instância. Não aceitamos outra forma. Com certeza, a decisão traz um alento, há uma luz no fim do túnel que indica que existe a possibilidade de que seja feita justiça nesse caso – comenta.
Sérgio Silva, atual presidente Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), também se manifestou:
– Confortar não vai, mas vai aliviar. A gente entende que tem muito mais gente envolvida e não vamos perder esse foco. Esses quatro terão de pagar pelo ato deles, mas os outros vão ter que entrar. Não sei quando, mas vamos procurar até o fim. Mas dá uma aliviada.
O responsável pela Associação Ahh...Muleke!, Ogier Rosado, acredita que, mesmo indo a júri popular, os réus não devem ser condenados por homicídio doloso.
– A questão é que a gente sempre falou que confia na justiça brasileira, e tudo o que vai acontecer vai depender de provas. O júri popular tem aquele caráter mais emocional, e até pode dar uma pena mais dura. Mas, certamente, se não tiver provas contundentes, será derrubada por recursos. Acredito que tudo vai se basear em provas. Mas acredito que, dificilmente, eles conseguirão uma condenação por homicídio doloso. A condenação por si só não vai melhorar. O que precisa, e isso não aconteceu, é de uma mudança de atitude no Brasil e nas pessoas sobre a questão de segurança. Passaram-se três anos e meio, e tudo voltou ao que era antes – comenta.