Três casas de festa ilegais suspeitas de vender bebida alcoólica e droga para adolescentes em Santa Maria foram notificadas entre sexta-feira (8) e sábado (9) pela prefeitura. Foram identificados pelo menos 200 adolescentes com idades entre 13 e 17 anos.
As casas ficam na Rua Alfredo Saccol, bairro Tomazetti; Rua Luiz Castagna, bairro João Goulart; Rua José Aita, bairro Dores.
A prefeitura aponta que os locais foram notificados porque funcionariam como estabelecimentos comerciais, mas não tem alvará para isso, ou seja, não garantem a segurança do cliente dentro do espaço e não assegura a qualidade do produto comercializado. Caso voltem a abrir, incorrerão em multa.
O superintendente da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da prefeitura, Tiago Candaten, reitera: se há relação de consumo, é necessário que o local tenha alvará. Se não tem alvará, deve ser fechado.
"Além disso, a legislação veda acesso de adolescentes. Não preciso nem falar da questão do consumo de bebida alcoólica e qualquer entorpecente", afirma.
No último fim de semana, a Brigada Militar (BM) constatou o consumo de bebida alcoólica e droga por adolescentes em uma casa na Rua Luiz Castagna, bairro João Goulart, um dos locais notificados. Haveria, inclusive, comércio de entorpecentes no espaço.
O local funcionava como uma casa noturna. Cobrava entre R$ 5 e R$ 10 para permitir o acesso e não exigia documento de identificação do cliente ou fazia revista nos que entravam, ou seja, não havia controle sobre quem entrava e o que entrava.
Além disso, foi localizada uma “calçaria” no local, que, como uma chapelaria, é um local onde as meninas despiam as calças e vestiam roupas mais curtas para então ter acesso à festa.
Veja:
O proprietário nega responsabilidade sobre a festa e diz:
“Não sou o dono da festa. Sou o dono da casa. É uma festa particular de um bloco (de carnaval). Só hoje. Não estamos vendendo bebida alcoólica e os menores não estão consumindo. Não sabia que havia menores. Ninguém está fumando. Pegaram alguém fumando?”, disse.
Maconha e cocaína foram apreendidas no espaço.
Um dos locais notificados pela prefeitura, o na Rua José Aita, apesar de ter sido notificado, realizou a festa mesmo assim. O proprietário disse que se tratava de uma casa de religião, e negou a realização de festas. No entanto, a organização garantiu que ela aconteceria:
O que de fato aconteceu. Pais de adolescentes entraram em contato com a reportagem descrevendo a situação. Apesar de a organização apontar a necessidade de identificação e revista, não houve controle.
“A polícia passou duas vezes. Aí, graças a deus meu filho quis vir embora. Só sei que essa fase está difícil”, disse. “Notei ontem. A gurizada deixa as armas escondidas. Facão, armas”.
Investigação
A delegada Luiza Souza, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) disse que um inquérito já foi instaurado para investigar. Ela conta que é possível que haja indiciamento dos responsáveis relativo à venda de bebida alcoólica para adolescentes, além de tráfico de drogas.
O Ministério Público foi notificado do caso.