Temperaturas acima dos 20 graus colocaram produtores de frutas da região da Serra em alerta porque algumas variedades precoces já estão brotando em pleno início de inverno. O temor é de que geadas provoquem nova quebra de safra.
De acordo com o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Uva e Vinho de Bento Gonçalves, Henrique Pessoa dos Santos, um exemplo de pomar que seria afetado é o de pêssego do tipo chimarrita, que precisa de apenas 200 horas de frio e neste ano já foram registradas mais de 400 horas de baixas temperaturas - mais que o dobro do que no ano passado. Ele também cita a uva do tipo chardonnay como um tipo precoce que corre mais riscos. Produtores de ameixa da região observam o mesmo fenômeno da brotação antecipada pelo calor dos últimos dias.
Os agricultores acabam ficando sem muitas alternativas. Há estudos mundiais para buscar algum tipo de tratamento para retardar o processo de amadurecimento das plantas que, hoje, não existe. Simular uma condição de chuva na noite em que está prevista a geada é um recurso que pode ser utilizado, mas poucos produtores têm condições para tanto.
Uma das recomendações do especialista é procurar cultivar variedades com uma resistência maior ao calor porque temperaturas mais elevadas no inverno têm sido constantes nos últimos cinco anos.
Para quem depende da fruticultura, a expectativa é que o frio volte logo, pois as plantas têm brotações irregulares e as que ainda não despertaram do período de dormência ainda podem se salvar de uma geada e reduzir impactos de uma possível quebra de safra.