A catarinense Ideli Salvatti, ex-ministra do governo Dilma, foi citada pelo ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado em depoimento de delação premiada divulgado nesta quarta-feira. No documento, ele afirma que intercedeu junto à construtora Camargo Correia para que uma doação no valor de R$ 500 mil fosse feita para a campanha eleitoral ao governo de Santa Catarina em 2010. Segundo Machado, os recursos seriam ilícitos, oriundos de contratos com a Transpetro.
Machado diz que, em telefonema, Ideli Salvatti informou que disputaria as eleições em 2010 e perguntou se ele não poderia receber o chefe de gabinete dela. Em um hotel em Brasília, o chefe de gabinete se reuniu com o então diretor da Transpetro e pediu uma colaboração para a campanha. Sérgio Machado, então, contatou a Camargo Correia, uma das empresas que pagavam recursos ilícitos oriundos de contratos com a subsidiária. Após viabilizar a doação, Machado teria comunicado o chefe de gabinete de Ideli Salvatti de que o repasse seria via diretório nacional ou estadual do PT.
No Sistema de Prestação de Contas Eleitorais (SPCE) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2010, estão listadas quatro doações (três de R$ 500 mil e uma de R$ 250 mil) da construtora Camargo Correia ao Comitê Financeiro Único do Partido dos Trabalhadores em Santa Catarina. Outras quatro doações, totalizando R$ 4,5 milhões, foram feitas pela empresa à Direção Nacional do partido. Já na prestação de contas da campanha de Ideli Salvatti ao Governo do Estado, não constam doações feitas diretamente pela Camargo Correia.
Incluindo Ideli Salvatti, Machado apontou 20 nomes de políticos brasileiros que teriam recebido propina no esquema da Transpetro, subsidiária da Petrobrás. Segundo o delator, todos os citados, mais o atual presidente interino Michel Temer (PMDB), sabiam da origem ilícita do dinheiro:
– Embora a palavra propina não fosse dita, esses políticos sabiam, ao procurarem o depoente, que não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro – afirmou no depoimento que veio a público nesta quarta-feira.
Em nota à imprensa, Ideli Salvatti contestou as acusações de Sérgio Machado:
A ex-ministra Ideli Salvatti não faz declarações à respeito de delações de réus confessos sem ter acesso ao texto. Até porque na delação de um outro réu, ficou demonstrada de forma inequívoca que ele mentiu e assinou embaixo.
Ideli afirma que as doações à sua campanha eleitoral ao governo de Santa Catarina em 2010 foram declaradas e aprovadas pelos órgãos competentes, e que suaconduta pública é regida pelos princípios da ética, moral e legalidade.
Atualmente, Ideli Salvatti é secretária de Acesso ao Direito e à Equidade da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington, Estados Unidos.