Ministro mais influente do governo Michel Temer, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, irá prestar depoimento nesta quinta-feira à Justiça. Acusado de receber R$ 3,9 milhões para usar o mandato de deputado federal em prol da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Padilha é aguardado às 14h na 2ª Vara Federal de Canoas, onde é réu por improbidade administrativa. Caso prefira, o ministro poderá depor em Brasília, falando por videoconferência ao juiz Felipe Leal.
Em sua defesa, Padilha incluiu como testemunha o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, cujo depoimento está previsto para 25 de agosto.
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Além de Padilha, também são réus o ex-reitor da Ulbra Ruben Becker, o empresário Luiz Alberto Verza da Rosa e duas empresas das quais o ministro é sócio: Fonte Consultoria e Assessoria Empresarial e a Rubi Assessoria e Participações. De acordo com a denúncia ajuizada em dezembro de 2014 pelo procurador da República Jorge Sodré, as empresas receberam da Ulbra sem a efetiva comprovação dos serviços prestados. Para o procurador, Padilha obteve "enriquecimento ilícito" ao representar "interesses privados em troca de benefícios pessoais".
A investigação começou em 2009, no escopo da Operação Solidária. À época, a Receita Federal e a Polícia Federal apuraram que a Fonte não funcionava nos endereços declarados em Osório, no Litoral Norte.
Além dos recursos financeiros, Padilha também teria recebido bolsas de estudos. Os benefícios foram concedidos sem obedecer os requisitos legais e teriam sido repassadas a pessoas indicadas pelo então parlamentar. Somente Padilha e Verza da Rosa, identificado no processo como sócio do ministro em pelo menos quatro empresas, teriam solicitado 40 bolsas.
Contraponto
O que diz o ministro Eliseu Padilha
A assessoria do ministro informou que ele só vai se pronunciar após o depoimento. No entanto, em sua defesa prévia, Padilha alegou incompetência da Justiça Federal para julgamento do caso, ilegitimidade do MPF e inépcia na apresentação da denúncia, inadequação da via processual e utilização de prova ilícita. O deputado também afirmou que o caso já estava prescrito.