Hillary Clinton ganhou nesta terça-feira a primária de Nova Jersey e assumiu publicamente que será a indicada dos democratas para disputar as eleições de novembro nos Estados Unidos, algo inédito na história dos grandes partidos americanos.
A ex-secretária de Estado derrotou seu oponente, o senador por Vermont, Bernie Sanders, um dia depois de ter cruzado o mínimo de 2.383 delegados necessários para garantir a nomeação na Convenção Nacional Democrata, que acontece em julho, na Filadélfia.
- Graças a vocês, superamos uma etapa importante. Esta é a primeira vez na história do nosso país que uma mulher é indicada por um dos grandes partidos - declarou Hillary, 68 anos, ao discursar no Brooklyn, em Nova York.
- A vitória desta noite não é apenas de uma pessoa, ela pertence a uma geração de mulheres e homens que lutaram e se sacrificaram para que este momento fosse possível.
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Hillary também felicitou o senador Sanders por sua "extraordinária campanha".
- Seu vigoroso debate a favor do aumento dos salários, da redução das desigualdades e das possibilidades de ascensão fizeram muito bem ao partido democrata e aos Estados Unidos - comentou.
- Acredito que somos mais fortes juntos, e as apostas nesta eleição são altas -declarou Hillary, afirmando que o republicano "Donald Trump não tem temperamento para ser presidente e comandante" dos EUA.
Além de Nova Jersey e Califórnia, também realizaram primárias nesta terça-feira as Dakotas do Sul e do Norte, Novo México e Montana. Apesar de admitir a indicação, a investidura de Hillary não será oficial até a votação durante a convenção democrata, de 25 a 28 de junho, na Filadélfia.
Nesta terça, a votação começou progressivamente a partir das 10h (7h de Brasília) em Nova Jersey, Novo México, Montana, Dakota do Norte e do Sul, e Califórnia.
Sanders resiste
Com as possibilidades matemáticas de obter a indicação reduzidas a zero, Sanders, o septuagenário "democrata socialista" que, contra todas as previsões, construiu uma conexão emocional com os jovens e a classe trabalhadora, não joga a toalha.
O senador está 800 delegados atrás de Hillary, e também perde na votação popular por mais de três milhões de votos, segundo o site RealClearPolitics.com. Mas a campanha de Sanders considerou a vitória de Hillary como uma "conclusão apressada".
A conduta de Sanders está no centro da preocupação do partido, à medida que se aproxima uma forte competição com Trump.
O presidente Barack Obama se aproximou na segunda-feira da possibilidade de dar um apoio formal a Hillary - sua secretária de Estado durante seu primeiro mandato -, ao sugerir que as próximas 48 horas serão cruciais.
- Devemos estar unidos a caminho da convenção para atacar Donald Trump e repudiar seu tipo de campanha, (porque) há muito em jogo - disse Hillary, expressando sua esperança de que Sanders "me acompanhe".
No entanto, o senador por Vermont multiplica os atos de desafio. Denuncia qualquer cálculo que inclua os superdelegados, afirmando poder convencê-los a mudar de lado antes do evento na Filadélfia. Mais de 500 dos 700 superdelegados se uniram a Hillary.
A líder democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, que foi a primeira mulher presidente do corpo, manifestou formalmente seu apoio a Hillary, convidando implicitamente Sanders a se retirar da disputa.
- Bernie sabe melhor do que ninguém o que está em jogo nesta eleição e que agora devemos nos unir - disse Pelosi à ABC.