O hall da sede da 8ª Coordenadoria Regional de Educação, em Santa Maria, foi ponto de encontro de mais um protesto dos estudantes de escolas estaduais que dizem que não desocuparão os locais. (Leia abaixo o documento assinado pelas oito instituições ocupadas na cidade).
Conforme a assessora jurídica da 8ª CRE, Maria Tereza Alves de Souza, até as 16h desta sexta-feira, os cerca de 20 jovens permanecem nna 8ª CRE cantando e gritando palavras de ordem, sem impedir as atividades normais da repartição. A manifestação durou cerca de 40 minutos.
Na manhã desta sexta-feira, representantes dos estudantes que ocupam oito escolas em Santa Maria receberam das mãos de Maria Tereza e da coordenadora, Simone Rodrigues, uma carta elaborada pela Secretaria Estadual de Educação com a manifestação que encerrou as negociações com os estudantes, até que as escolas sejam desocupadas.
A 8ª CRE não trabalha com a possibilidade de não haver aulas na segunda-feira nas escolas que hoje estão ocupadas. Durante a manifestação pacífica da tarde desta sexta, os estudantes entregaram a pauta de reivindicações à coordenadora adjunta Jussara Canfield Finamor.
O prazo é que as escolas sejam desocupadas a tempo de que haja a retomada das aulas na segunda-feira pela manhã. A Secretaria Estadual de Educação informou que, em caso de que em alguma escola não cumpra a desocupação, é a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) o órgão responsável por tomar medidas para garantir a liberação dos espaços.
Já a PGE informou que não pode adiantar que medidas podem ser essas, mas que atitudes como o acionamento da Brigada Militar só serão tomadas de acordo com a situação específica de cada colégio. A PG tem acompanhado de perto o movimento de ocupações e servidores do órgão costumam estar junto com o secretário estadual de Educação, Luís Alcoba de Freitas, nas visitas aos estabelecimentos de ensino.
Estudantes de Santa Maria dizem que não desocuparão escolas
A página da ocupação do Colégio Maria Rocha no Facebook divulgava, na tarde desta sexta-feira, um texto assinado pelas oito escolas ocupadas na cidade, em que os estudantes afirmam que não deixarão os colégios. Confira abaixo a íntegra do texto:
Vimos, por meio deste documento, entregar a devida resposta para o atual governo a respeito da proposta da Secretaria de Educação, recebida terça-feira (07/06/2016). Entregamos à 8ª Coordenadoria Regional de Educação, atual representante da Secretaria de Educação na região central.
1- NÃO iremos desocupar nossas escolas. Não estamos totalmente de acordo com a proposta recebida, pois faltam algumas pautas que são reivindicadas por nós estudantes e também não temos nenhum tipo de garantia que as mesmas serão atendidas.
2- Não recebemos as devidas atenções da 8ª Coordenadoria, que, na região central, é a representante da Secretaria de e Educação.
3- Queremos um posicionamento público do governo estadual contrário ao projeto de lei 190/2015, que não é citado em momento algum na atual proposta.
4- Queremos a retirada de tramitação o projeto de lei 44/2016. O estado não pode fugir da sua responsabilidade com a educação pública. E a Pl44/2016 passa a responsabilidade do Estado para empresas privadas. Isso contraria a constituição de 1988.
5- Nós, como alunos, queremos aulas e uma educação pública de qualidade, mas, para isso, precisamos de uma infraestrutura adequada, valorização de nossos educadores e maiores investimentos.
6- Queremos que o Estado trabalhe mais contra a sonegação de impostos e que, caso o Estado precise parcelar algum salário, que seja das categorias que recebem um valor mais alto, e que o governador não dê como exemplo o seu salário, pois, na sua última declaração de imposto de renda, prova que seu salário parcelado não faz diferença.
7- Queremos a abertura da CPI da merenda e a investigação da operação “alba branca”. Não consideramos 0,30 centavos um valor adequado para o lanche.
8- Acreditamos que a proposta enviada pelo governo não seja nada concreta. Na verdade, nem pode ser considerado um documento e não nos traz nenhuma garantia de que sejam cumpridas as pautas citadas. Além disso, faltam algumas que são reivindicadas por nós estudantes.
9- Não somos influenciados pelos professores, muito pelo contrário. Aprendemos a reivindicar nossos direitos com nossos educadores de tal forma que, se os professores voltarem da greve, não iremos desocupar as escolas sem que tenhamos uma garantia de que nossas pautas serão atendidas.
10- O Estado não tem direito de escolher onde nos manifestaremos. Estamos dentro do espaço público que é nosso por direito. Infelizmente os governantes esqueceram que trabalham para nós.
Ocupa Maria Rocha, Ocupa Cilon Rosa, Ocupa Olavo Bilac, Ocupa Maneco, Ocupa Augusto Ruschi, Ocupa Tancredo Neves, Ocupa Margarida Lopes e Ocupa Walter Jobin.