O investimento de R$ 100 milhões da Videolar Innova em uma unidade de produção de poliestireno expandido (EPS), a Newcell, que será inaugurada nesta quarta-feira, interrompe um jejum de quase seis anos de aplicações significativas no polo petroquímico de Triunfo. O mais recente projeto relevante havia sido a planta de eteno verde da Braskem, em 2010.
A melhor notícia para o Estado não é só ter um concorrente para uma marca que virou sinônimo de produto, o isopor (registrada por Knauf/Basf). A nova unidade está em um pacote que inclui outros três projetos, com diferentes cronogramas. O investimento total de R$ 1,2 bilhão vem pelas mãos de um gaúcho bilionário nascido em Nova Bassano, que em 2014 já havia desembolsado R$ 1,3 bilhão na compra da Innova.
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Lirio Parisotto começou sua carreira nos negócios em Caxias do Sul, com uma loja de TVs conjugada com uma videolocadora, e galgou vários degraus do empreendedorismo até a chegar aos insumos dos produtos que costumava vender.
Dono da Videolar, com unidades na zona franca de Manaus, comprou a Innova, produtora do insumo utilizado em embalagens, gabinetes de computador e revestimento de geladeiras, em 2014, mesmo ano em que vendeu a atividade original da Videolar – produção de videocassetes, CDs, DVDs e blu-ray.
O negócio, anunciado na época com valor de R$ 870 milhões, chegou a R$ 1,3 bilhão, relata Lirio. Com os novos projetos, a aposta no Estado do bilionário, apontado como maior investidor pessoa física na bolsa de valores, alcançaria R$ 2,5 bilhões.
– Estamos no poliestireno por uma decisão tomada no final dos anos 1990, porque éramos o maior consumidor individual de poliestireno do Brasil, que usávamos nas embalagens de CDs e DVDs, que produzíamos aos milhões ao mês. Tomamos a decisão de fazer uma planta em Manaus, até porque na época metade do consumo era importado. Começamos a operar a planta lá em 2002. Em 2010, 2011, a Petrobras aventou a possibilidade de vender essa unidade, nós fizemos a maior oferta – conta Parisotto.
Assim que assumiu a planta de Triunfo, a empresa decidiu sair da área de suporte de mídia e focar sua atividade no segmento de estirênicos. O novo projeto, segundo o empresário, tem tecnologia diferenciada em relação aos concorrentes:
– Para a área petroquímica, R$ 100 milhões não é algo que faça muito diferença. Mas temos outros projetos, como a primeira produção de ABS no Brasil e a duplicação do monômero de estireno.
UMA GIGANTE NO ESTADO
O que é a Videolar Innova
Empresa resultante da compra, em 2013, da Innova, no polo de Triunfo, por Lirio Parisotto, que a uniu à planta de produção de poliestireno construída pela Videolar em Manaus. A Innova havia sido construída em Triunfo pela argentina Perez Companc e, depois, vendida à Petrobras.
A companhia tem uma unidade de 250 mil toneladas por ano (t/ano) de monômero de estireno em Triunfo, e capacidade total em poliestireno, entre Manaus e Triunfo, de 300 mil t/ano. Produz ainda polipropileno biorientado (BOPP, usado em embalagens de alimentos) e 220 milhões de tampas plásticas por mês – "uma para cada brasileiro", gosta de dizer Lirio.
O que é a NewCell
Planta com capacidade para produzir 25 mil toneladas anuais de poliestireno expandido (EPS).
É uma resina mais conhecida pelo nome comercial do concorrente, isopor.
Sua principal característica é ser isolante térmico, usada desde em grandes obras, como estradas e pontes, até em copos descartáveis.
O EPS da Newcell tem uma tecnologia diferente dos "isopores" disponíveis no mercado. A injeção de
pentano (tipo de gás que provoca a expansão) proporciona mais facilidade de transformação.
Os outros projetos
Transformação da unidade de produção de poliestireno cristal (GPPS) em planta flexível para fabricação de ABS, plástico de engenharia que hoje não é processado no Brasil, com previsão de operação até o fim de 2017.
Ampliação da unidade de produção de monômetro de estireno, hoje de 250 mil t/ano (insumo para o poliestireno e para tintas e borrachas), podendo chegar à duplicação, dependendo da disponibilidade de uma das matérias-primas, o benzeno, com previsão de conclusão em 2018. Caso não haja uma solução que permita a duplicação, há disponibilidade para ampliar em ao menos 120 mil t/ano.
Além das unidades petroquímicas, está no pacote aprovado no Fundopem um projeto de geração de energia a partir de biomassa (cavacos de madeira), mas ainda não há parceiros nem cronograma definidos.