No jogo dos sete erros, o participante precisa prestar bastante atenção para identificar na imagem os detalhes errados, diferentes da imagem original. Se a brincadeira fosse feita no Terminal Triângulo, na Zona Norte da Capital, a proposta deveria ser inversa: isso porque, atualmente, os usuários têm mais facilidade em encontrar os pontos negativos – o Diário Gaúcho identificou pelo menos sete –, mas sabem bem como deveria ser o cenário caso o terminal por onde passam 100 mil pessoas diariamente estivesse em plenas condições.
Antes mesmo de chegar ao Triângulo – que é o segundo maior terminal de ônibus de Porto Alegre, ficando atrás apenas do Terminal Rui Barbosa/CPC, no Centro – já é possível apontar o primeiro erro: a falta de cobertura, que deixa os usuários ao relento desde que um temporal com ventos de 100km/h, em dezembro de 2014, arrancou parte do telhado.
– Se eu estiver aqui e estiver chovendo, vou me molhar – diz o engenheiro Jorge Castro, 62 anos.
Há um ano, o Diário Gaúcho esteve no terminal para mostrar o problema. Na época, a prefeitura disse que havia necessidade de contratar uma empresa para fazer uma avaliação da estrutura e saber se a solução seria apenas a reposição de telhas ou melhoria na parte metálica também. O laudo deveria ficar pronto em 45 dias, o que não ocorreu.
Bloqueados
O segundo erro apontado pelos usuários são os elevadores que estão fora de serviço. No acesso pela Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, por exemplo, três grandes pedras diante da porta do equipamento indicam que não há como utilizá-lo. Cadeirantes e idosos precisam contar com ajuda para acessar o terminal.
– Tenho medo de entrar nesses elevadores do terminal e ficar trancado – comenta o encanador industrial João Carlos de Oliveira Santos, 50 anos.
Segurança é outro problema
– Durante a noite, não dá nem para passar por aqui. Desço às 23h e não há segurança – observa o eletricista Jeferson Bopsin, 35 anos.
A questão da falta da segurança fica ainda mais evidente pelo quarto erro identificado no Triângulo: a escuridão. Mesmo durante a manhã de um dia claro, os corredores que dão acesso à plataforma são escuros, com iluminação insuficiente. Também há locais nos quais é arriscado passar porque podem servir de esconderijo de bandidos.
– A iluminação é insuficiente, teria que oferecer mais segurança – comentou João Carlos.
Pichações por todos os lados
O quinto erro é a questão da limpeza. Na parte externa, próximo aos elevadores, papelões, roupas e outros resíduos se acumulam. Usuários dizem que moradores de rua têm utilizado o espaço para dormir. O aspecto do terminal fica ainda pior quando se olha para as paredes pois, embora haja alguns grafites, as pichações tomam conta, completando o sexto erro.
Inclusive, há placas que poderiam servir de orientação para novos usuários do transporte coletivo e mesmo turistas, mas não cumprem a sua função porque estão pichadas.Por fim, um dos telefones públicos disponíveis no terminal está danificado.
EPTC promete parceria para recuperar espaço
A EPTC informou que recebeu uma avaliação técnica preliminar sobre o estado atual das estruturas da cobertura da principal plataforma de embarque e desembarque (plataforma central), por parte de uma empresa especializada em estruturas metálicas.
De acordo com o laudo, a reforma está considerando a limpeza e pintura de todas as estruturas de apoio das telhas, limpeza de todas as telhas e reposição das telhas faltantes, limpeza e pintura de várias outras estruturas metálicas da plataforma central, para proteger a estrutura contra intempéries. A previsão, com a conclusão dos orçamentos, é de que o edital de licitação da obra seja publicado ainda no primeiro semestre.
Em paralelo a esta obra de reforma, a EPTC está avaliando uma proposta de melhoria na iluminação, qualificação do mobiliário e informação aos usuários do terminal.
– A nossa meta é até outubro concluir toda a estrutura – afirma o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari.
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Em relação aos elevadores, Cappellari esclarece que o novo contrato assinado em março contempla a substituição do equipamento, algo que o contrato anterior não previa. Com isso, cada equipamento será analisado para verificar as necessidades. Outro ponto que está sendo discutido, conforme Cappellari, é a reformulação dos túneis que dão acesso à plataforma.
– Há algumas questões que dificultam a segurança, há câmeras nos túneis que os guardas não conseguem ver – reconhece o diretor-presidente, citando a necessidade de melhorar a iluminação, entre outras questões.
As melhorias serão realizadas a partir de parceria com o comércio do entorno e empresas que utilizam o terminal no sentido da divisão dos custos. Está prevista para breve uma visita ao local.
– Vamos tornar mais seguro o terminal – promete.
Sobre as pichações, Cappellari diz que se trata de um problema sério:
– Quando flagramos, chamamos a Guarda Municipal. Já tivemos até prisão. O grupo (de parceiros) vai atuar nisso também.Sobre a sujeira, o diretor-presidente disse que o DMLU será acionado para reforçar o trabalho no local.