É entre jovens de 16 a 24 anos que a disparada do desemprego tem feito seu maior estrago. São trabalhadores que sequer conseguem ingressar no mercado ou que, após as primeiras chances, já experimentaram a experiência da demissão.Em Porto Alegre e na Região Metropolitana, a taxa de desemprego nessa faixa etária chegou à marca de 24,3% em abril.
É mais que o dobro da média geral, de 10,5%, segundo dados divulgados na última semana pelo Dieese e pela Fundação de Economia e Estatística (FEE).O mais assustador é que o índice cresceu 50,9% em um ano – em abril de 2016, a taxa era de 16%.
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Tradicionalmente o desemprego é mais alto entre os jovens. Porém, o que chama atenção da economista da FEE Iracema Castelo Branco é a velocidade com que esse índice vem crescendo.
Para a doutora em Desenvolvimento Humano Ana Lígia Nunes Finamor, o jovem se torna ainda mais frágil frente ao cenário de desemprego:
– É a decepção de estar chegando no mercado e ser demitido. Muitos precisam deixar os estudos. Isso é grave, são jovens com pouco estudo, baixa autoestima e sem experiência. Trata-se de uma geração de jovens que terá problemas para dar início a sua carreira.
A agonia de ficar esperando
A falta de qualificação vai cobrar seu preço no futuro, quando a crise passar, prevê Ana Lígia. Enquanto a competitividade aumenta, as oportunidades de experiência encolhem. É desse labirinto que as amigas de infância, Ane Lemos da Silva, 22 anos, e Shaiane Dias, 21 anos, não conseguem se desvencilhar.
Elas mal sentiram o gostinho de ter a carteira de trabalho assinada e já estão provando o sabor do desemprego. Desde o final do ano passado, participam de seleções no Sine. E a falta de dinheiro torna a procura ainda mais difícil para as duas. Moradoras do Morro da Polícia, no Bairro Aparício Borges, em Porto Alegre, vão juntas para o Centro uma vez por semana procurar emprego. Passam o dia fora apenas com o dinheiro da passagem e, de vez em quando, com algo mais para o lanche.
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