"Informação exclusiva e opinião" foi o tema do terceiro painel do Em Pauta ZH especial de aniversário de 52 anos de Zero Hora, realizado na manhã desta quarta-feira no Instituto Ling, em Porto Alegre. O tema reuniu três colunistas do jornal: Rosane de Oliveira, especializada em política, Marta Sfredo, que escreve sobre economia, e Tulio Milman, titular do Informe Especial.
Rosane iniciou observando que, em seu ponto de vista, a palavra de ordem no trabalho de um colunista é independência. Comentou que alguns leitores tendem a suspeitar, equivocadamente, que a posição do colunista é motivada por trocas de favores:
– Estou há 24 anos em Zero Hora e há 13 na coluna, sempre lidando com a "grenalização" que é a política no Rio Grande do Sul. É difícil.
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Em sua primeira intervenção, Marta afirmou que o compromisso do colunista de opinião é, sobretudo, com o leitor:
– Isso não é apenas da boca para fora. Só existimos por causa do leitor. Se o cara do outro lado não está lendo o que escrevemos, não existimos. Prestamos muita atenção no leitor e em seu feedback.
A colunista de economia de Zero Hora acrescentou que, muitas vezes, o jornalista adianta uma informação exclusiva em uma nota curta que será aprofundada depois pelos colegas em reportagens de maior fôlego. Rosane, por sua vez, observou que é preciso estar atento aos interesses da fonte que repassa a informação – daí a importância do discernimento do jornalista e da checagem da informação.
Para Tulio Milman, o colunista atua, cada vez mais, como um curador que ajuda o leitor a dar sentido ao mar de informações disponíveis hoje:
– É uma delícia publicar uma informação exclusiva, mas precisamos pegar essa informação e mostrar como ela se relaciona com as circunstâncias. Dou minha opinião para que os leitores formem suas opiniões. Não quero necessariamente que concordem comigo.
Milman afirmou que uma fonte vaza determinada informação, em geral, para ajudar ou prejudicar alguém, e que a difícil tarefa do colunista é avaliar o impacto do que é divulgado no jornal:
– Na cabeça de quem está no poder, a imprensa é uma peça em um jogo. Às vezes, nos consideram uma massa de manobra. Devemos ter uma vacina contra isso.
Segundo Marta, o critério que deve guiar a decisão de publicar determinada informação é o interesse público:
– Quanto mais pessoas se interessarem por aquele assunto, melhor. As questões públicas têm sempre precedência sobre os demais. Um assunto relacionado a uma empresa pública tem precedência sobre uma empresa não publica porque é abastecida com dinheiro de nossos impostos.
Falando sobre acusações de partidarismo que recebem de leitores dos dois extremos do espectro político, Rosane valorizou a satisfação em receber um feedback ponderado:
– Recebemos um reconhecimento superlegal de leitores que identificam nossa independência. Uma das coisas mais gratificantes é quando nos dizem: "Não concordo com você, mas respeito sua opinião".
Em Pauta ZH
Para comemorar seus 52 anos, Zero Hora promoveu nesta quarta-feira, no Instituto Ling, em Porto Alegre, edição especial do Em Pauta ZH com o tema O Futuro do Jornalismo. Estiveram no palco repórteres, editores, colunistas e professores, que dividiram experiências e ampliaram a discussão sobre o tema, e, na plateia, leitores e jornalistas do Grupo RBS.
Além da transmissão ao vivo, é possível acompanhar as discussões sobre o papel da imprensa em uma sociedade livre e democrática pelas redes sociais de ZH. O evento de Zero Hora tem apoio de Instituto Ling, UniRitter, NET e Claro.
Veja como foi a cobertura:
ZH nas universidades
Os 25 cursos de Jornalismo do Rio Grande do Sul também fazem parte das comemorações de aniversário. As faculdades receberão o ciclo de palestras que anualmente leva repórteres, editores e colunistas de ZH até as salas de aula. Para compartilhar experiências com os futuros jornalistas, o roteiro inclui 15 cidades. A semana de bate-papo nas universidades ocorrerá de 30 de maio a 2 de junho.