Procuradores apresentaram nesta sexta-feira à tarde em Curitiba, durante uma coletiva de imprensa sobre a Operação Lava-Jato, a denúncia contra o empresário Ronan Maria Pinto e outras oito pessoas envolvidas no crime de lavagem de dinheiro envolvendo cerca de R$ 6 milhões, que seriam provenientes de um empréstimo fraudulento do Banco Schahin.
AO VIVO: Ministério Público apresenta nova denúncia da Operação Lava-Jato
De acordo com o MPF, o valor representa a metade de um total de R$ 12 milhões que foram repassados pela instituição financeira a José Carlos Bumlai, que figurou como pessoa interposta do Partido dos Trabalhadores (PT), em outubro de 2004 _ este empréstimo já foi alvo de acusação feita pelo MPF em dezembro do ano passado. A denúncia apresentada agora é, justamente, um desdobramento dos fatos apurados anteriormente.
A partir das investigações, foi constatado que os R$ 6 milhões tiveram como destinatário final o empresário de Santo André (SP). Para receber os recursos, foi estruturado um esquema criminoso que, entre os meses de outubro e novembro de 2004, além do próprio Ronan, contou com a participação de pessoas ligadas ao PT e terceiros envolvidos na operacionalização de lavagem do dinheiro.
Segundo evidências levantadas durante as investigações e informações prestadas em depoimentos, toda a operação tinha como objetivo ocultar o pagamento de vantagem indevida em benefício de Ronan, que estaria extorquindo representantes do PT por razões ainda não confirmadas.
O valor total do empréstimo junto ao Banco Schahin, de R$ 12 milhões, foi transferido de Bumlai para a conta bancária do Frigorífico Bertin. Na sequência, o responsável no frigorífico repassou a quantia de R$ 6 milhões para a Remar Agenciamento e Assessoria Ltda., de Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, empresário do Rio de Janeiro que já havia sido indiciado por outros membros do esquema.
Com os valores na conta da Remar, Vieira Filho promoveu transferências diretas e indiretas, seja em depósitos para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus controlada por Ronan, ou para outras pessoas físicas e jurídicas que foram indicadas pelo empresário para receber os valores escusos.
Para a Expresso Nova Santo André, foram repassados R$ 2.943.407,91. Ao receber este recurso, a empresa fez transferências que totalizaram R$ 1,2 milhão para a conta de um dos acionistas do Diário do Grande ABC como pagamento pela compra das ações do jornal. O acionista do periódico também recebeu transferência direta da Remar de R$ 210 mil como parte do pagamento pela venda do jornal. De acordo com depoimentos, Ronan decidiu adquirir o veículo de comunicação para impedi-lo de continuar publicando notícias em que seu nome era vinculado ao assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André.
Confira a lista completa dos denunciados
Ronan Maria Pinto
Sandro Tordin
Marcos Valerio Fernandes de Souza
Enivaldo Quadrado
Luiz Carlos Casante
Breno Altman
Natalino Bertin
Oswaldo Rodrigues Vieira Filho
Delubio Soares de Castro