Depois de perceber que não tinha fôlego para acompanhar as sapequices da filha Isabela, agora com dois anos a meio, a relações públicas Brenda La Rosa, 34 anos, de Porto Alegre, enfim, venceu o principal vilão da sua vida há um ano e dois meses. Já a costureira aposentada Eliege Ross dos Santos, 55 anos, chegou a fazer a duas cirurgias nas artérias do coração em um mesmo ano para então se convencer de que era hora de deixar o vício, há três anos. Mesmo com tantos prejuízos, ambas precisaram de muita força de vontade para entrar no grupo dos ex-fumantes.
No Dia Mundial Sem Tabaco, criado 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para fazer um alerta sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo, Brenda e Eliege refletem sobre a nova história que começaram a viver sem a companhia do cigarro. Incentivadas por suas famílias, cada uma delas refez a rotina e adotou hábitos que ajudaram a vencer o vício.
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Brenda passou a ter uma rotina de exercícios em casa e na academia e a levar para o trabalho frutas picadas. Toda vez que tinha vontade de fumar, beliscava algo. Eliege começou a fazer caminhadas e a beber água. Em pouco tempo, elas ganharam mais fôlego e perceberam mudanças no corpo, no cabelo e na pele.
– Vontade de fumar até hoje eu tenho, às vezes até sonho que estou fumando, mas, para mim, isso hoje não é uma possibilidade. Hoje eu já consigo correr na esteira e antes não conseguia nem correr atrás da minha filha – lembra Brenda, que fumou por 15 anos.
– Eu achava que nunca iria conseguir parar de fumar, tem que ter força de vontade. É difícil. Tem que parar de uma vez só. Ou eu parava de fumar, ou não adiantaria eu gastar em remédios para me tratar do coração – avalia Eliege, fumante por 35 anos.
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Novas possibilidades
Eliege e Brenda trilharam o caminho mais indicado para abrir mão do vício. O ideal é encontrar algo que ocupe o lugar do cigarro e que agregue valor a vida da pessoa, ensina o Coordenador do Programa de Controle do Tabagismo da Santa Casa, o pneumologista Luiz Carlos Correa da Silva:
– Cada um vai achar seus caminhos. O principal é a pessoa valorizar sua autoestima e considerar que o seu corpo merece ser preservado.A fase mais difícil, segundo Luiz Carlos, é o começo do processo de desintoxicação. Mudar a rotina, para que o cigarro esteja fora dela, é fundamental. Assim que o paciente abandona o hábito, os primeiros benefícios já são visíveis:
– Imediatamente, a pessoa que para de fumar já começa a ter olfato para fragrâncias mais finas e o paladar volta ao normal.
Depois de 24 horas, as chances de infarto também reduzem e, em um mês, o fôlego já melhora. Porém, em muitos casos, a vontade de fumar ainda persiste, mesmo muito tempo após a pessoa deixar o cigarro:
– Uma vontade é algo momentâneo e instintivo. A fissura dura de cinco a dez minutos e passa. Se, nesse período, a pessoa se conter, ela consegue desviar a atenção e fazer com que a frequência dessa vontade diminua cada vez mais.
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Dicas da Brenda e da Eliege
– Quando vem a vontade de fumar, comer pequenos pedaços de frutas.
– Não substituta o cigarro por doces.
– Ter uma garrafa de água de 500ml sempre por perto.
– Fazer exercícios físicos.
– Evitar locais locais que são frequentados por fumantes.
– Comunicar sua decisão aos familiares próximos e pedir que eles colaborem com ela.
– Preste atenção na história de pessoas conhecidas que também pararam de fumar e o que mudou na vida delas.
– A fissura por acender um cigarro dura poucos minutos. Tente pensar em outra coisa ou fazer alguma atividade.
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