A foto de um bebê morto nos braços de um socorrista alemão foi distribuída nesta segunda-feira por uma organização humanitária com o objetivo de pressionar autoridades europeias a garantirem passagem segura para os imigrantes diante do temor de que centenas deles tenham se afogado no Mar Mediterrâneo na semana passada. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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O corpo do bebê, que não parece ter mais de um ano, foi retirado do mar na sexta-feira após o naufrágio de um barco de madeira. No domingo, 45 corpos chegaram ao porto de Reggio Calabria, no sul da Itália, a bordo de uma embarcação da Marinha italiana, que recolheu 135 sobreviventes do mesmo incidente. A organização humanitária alemã Sea-Watch, que opera um barco de resgate no mar entre a Líbia e a Itália, distribuiu a imagem, feita por uma empresa de produção de mídia a bordo, que mostra um agente de resgate segurando o bebê.
Por e-mail, o socorrista fotografado com o bebê se identificou como Martin, mas não quis que seu sobrenome fosse publicado. Ele disse ter visto o bebê na água "como um boneco, com os braços esticados".
– Peguei o bebê pelo antebraço e puxei seu corpinho para os meus braços na mesma hora para protegê-lo. Os braços dele, com aqueles dedinhos,balançaram no ar, o sol bateu nos seus olhos, brilhantes, acolhedores, mas sem vida – disse ao jornal O Estado de São Paulo.
Martin,que tem três filhos e exerce a profissão de terapeuta musical, acrescentou:
– Comecei a cantarolar para me confortar e para expressar de alguma maneira esse momento incompreensível, de cortar o coração. Apenas seis horas antes essa criança estava viva.
Assim como a foto do menino sírio Aylan, de três anos, deitado sem vida em uma praia turca em 2015, a imagem deu uma feição humana às mais de 8 mil pessoas que morreram no Mediterrâneo desde o início de 2014.
Pouco se sabe sobre a criança, que segundo a Sea-Watch foi entregue imediatamente à Marinha italiana. Os socorristas não puderam confirmar se o bebê parcialmente vestido era menino ou menina, e tampouco se sabe se seus pais estão entre os sobreviventes.