O painel de abertura do Em Pauta ZH especial em comemoração aos 52 anos de Zero Hora, evento realizado na manhã desta quarta-feira no Instituto Ling, em Porto Alegre, teve como convidados o professor da USP Eugênio Bucci e o vice-presidente editorial do Grupo RBS, Marcelo Rech. Eles debateram sobre o tema "A relevância do jornalismo para a sociedade". A mediação foi da diretora de redação de Zero Hora, Marta Gleich.
Questionado sobre a qualidade do jornalismo no Brasil hoje no contexto mundial, Bucci avaliou que, em uma perspectiva histórica, houve avanços. Observou que vivemos um período "relativamente novo" em que a qualidade da imprensa no país tem sido pauta de um debate internacional, o que é um aspecto positivo. Nesse contexto, lembrou que se destacam apurações realizadas em parceria entre organizações de diferentes partes do mundo, como o Swiss Leaks e os Panama Papers.
– A imprensa vai se tornando assunto de interesse global, assim como a democracia se torna um espaço menos restrito às fronteiras nacionais. Já há estudiosos que falam em um espaço público global – observou Bucci, acrescentando que cabe à sociedade o papel de fiscalizar a imprensa.
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Rech argumentou que a ascensão das redes sociais levou a questionamentos éticos sobre a divulgação de informações. O cenário traz, assim, uma oportunidade para os veículos de comunicação profissionais se consolidarem como certificadores em meio a desinformações eventualmente veiculadas nas mídias sociais.
– Zero Hora tem claramente essa visão que vai além da notícia ocorrida no dia anterior. Procura ir além da informação. As redes sociais hoje, essa praça pública, são uma grande fornecedora de pautas que precisam de um olhar profissional – avaliou.
É nesse momento que o jornalismo deve reforçar seu papel apartidário, como salientou Bucci. Segundo ele, o papel educador faz parte do DNA da imprensa, que tem desde sua origem, ainda no século 18, a função de iluminar a sociedade.
– Temos que educar, estar atentos a essa missão. Mas, ao mesmo tempo, a imprensa não sabe mais do que os outros. O jornalista é pago para perguntar, para ir atrás da informação. O jornalismo, como método, é algo insubstituível para a democracia. Não haveria democracia sem o florescimento dos jornais.
Respondendo a uma pergunta sobre as diferenças da cobertura do impeachment de Collor e o processo contra Dilma, Rech observou que, em 1992, a imprensa esteve à frente das investigações em combinação com a CPI, enquanto hoje esse papel cabe ao Ministério Público e à Polícia Federal:
– O papel da imprensa é refletir os diferentes setores da sociedade. É mais análise e opinião do que o papel de estar à frente do episódio.
Em Pauta ZH
Para comemorar seus 52 anos, Zero Hora promoveu nesta quarta-feira, no Instituto Ling, em Porto Alegre, edição especial do Em Pauta ZH com o tema O Futuro do Jornalismo. Estiveram no palco repórteres, editores, colunistas e professores, que dividiram experiências e ampliaram a discussão sobre o tema, e, na plateia, leitores e jornalistas do Grupo RBS.
Além da transmissão ao vivo, é possível acompanhar as discussões sobre o papel da imprensa em uma sociedade livre e democrática pelas redes sociais de ZH. O evento de Zero Hora tem apoio de Instituto Ling, UniRitter, NET e Claro.
Veja como foi a cobertura:
ZH nas universidades
Os 25 cursos de Jornalismo do Rio Grande do Sul também fazem parte das comemorações de aniversário. As faculdades receberão o ciclo de palestras que anualmente leva repórteres, editores e colunistas de ZH até as salas de aula. Para compartilhar experiências com os futuros jornalistas, o roteiro inclui 15 cidades. A semana de bate-papo nas universidades ocorrerá de 30 de maio a 2 de junho.