O retorno do intervalo de almoço do julgamento da morte de Eliseu Santos reservou uma surpresa ao Tribunal do Júri. Fernando Junior Treib Krol, 27 anos, abandonou a sessão no momento em que o defensor público começaria a sua defesa.
A ausência do réu, que responde ao processo em liberdade, atrasou em 20 minutos a retomada dos trabalhos e surpreendeu o plenário. Chegou a ser debatida a suspensão do julgamento, mas o juiz André Vorraber considerou que não existiria impedimento legal de dar sequência à sessão sem a presença do acusado. Por volta das 15h20min, então, retomou-se o júri.
Suspeito de participação na morte do ex-secretário de Saúde de Porto Alegre, Fernando Junior Treib Krol, ao lado de Eliseu Pompeu Gomes, 28 anos, responde a homicídio quadruplamente qualificado: motivo torpe, emprego de meio que resultou em perigo comum, emprego de meio que dificultou a defesa e garantia de impunidade de outros crimes. Também são acusados de receptação e adulteração de veículo roubado, fraude processual e formação de quadrilha. Gomes acumula, ainda, uma acusação por comunicação falsa de crime.
Após explanação do seu defensor, o réu Eliseu Gomes também deixou o plenário.
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Mais cedo, a promotora de Justiça Lúcia Helena Callegari apresentou aos jurados, por duas horas e meia, a tese de acusação. O Ministério Público sustenta que o crime se tratou de uma morte encomendada, uma vez que o ex-secretário denunciara um esquema de corrupção na pasta que envolvia a empresa de segurança Reação, responsável pela vigilância em postos de saúde – ele teria entregue documentos no Fórum do bairro Sarandi no dia da sua morte.
Callegari aponta que os réus receberam dinheiro de integrantes da empresa para executarem o político – pelo menos R$ 15 mil teriam sido entregues a Eliseu Gomes. Ligações telefônicas entre os dois acusados no dia do homicídio reforçariam a hipótese. Os réus negam.
Eles foram ouvidos no julgamento pela manhã. Gomes disse que roubava pneus na Rua Hoffmann no momento em que houve o tiroteio que vitimou o ex-secretário e que também foi baleado. Por isso, segundo o réu, a perícia encontrou o seu sangue no local do crime. Krol negou que estivesse na cena do crime e afirmou que o ferimento de arma de fogo que sofreu à época ocorreu dias depois durante uma briga em uma festa.
O julgamento do caso começou na manhã de quinta-feira e deve se encerrar somente na noite desta sexta-feira. Nesta tarde, segue o debate entre acusação e defesa e, na sequência, jurados terão de responder a um questionário e decidir se culpam ou absolvem os réus.
O assassinato de Eliseu Santos aconteceu na noite de 26 de fevereiro de 2010, no bairro Floresta, na Capital. O médico estava acompanhado da mulher e da filha e foi abordado no momento em que entrava no carro, ao sair de um culto religioso.
A Polícia Civil concluiu que o crime se tratava de um latrocínio. No entanto, o Ministério Público entendeu que o ex-secretário fora vítima de um complô para matá-lo. Os diferentes entendimentos causaram polêmica entre as duas instituições.
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