Último indeciso sobre o impeachment de Dilma Rousseff na bancada gaúcha, o deputado Giovani Cherini mostra desconforto com a pressão exercida pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que tenta forçar os parlamentares da sigla a se manterem fieis ao PT. Na noite de terça-feira, Lupi reuniu 19 dos 20 integrantes da bancada pedetista na casa do líder Weverton Rocha (MA), em uma janta regada a vinho. Apesar do tilintar das taças, o clima não foi dos melhores. Os deputados queriam ser liberados para votar o impeachment, mas Lupi não deu brecha.
– Desde o começo, o PDT fechou questão contra. Resta saber se os deputados vão seguir. Essa reunião de ontem (terça) foi para reafirmar o fechamento de questão, inclusive com fala em sanções, expulsão. Quase só o Lupi falou, não teve muito espaço para nada – comentou Cherini.
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O pedetista diz que já tomou sua decisão, mas a manterá em sigilo até o momento de se pronunciar, no domingo, no microfone da Câmara, com transmissão ao vivo para todo o país. Embora não externe sua posição, ele não demonstra afinidade com os argumentos petistas de que o processo se trata de um golpe.
– Todo o presidente que assumir precisa do apoio do Congresso. A decisão é do parlamentar. Se tem crime (de responsabilidade) ou não, é coisa secundária. O parlamento tem o poder de colocar e de tirar – afirmou Cherini.
Na bancada gaúcha, um levantamento de ZH publicado em 29 de março mostrou que, dentre os 31 deputados, 20 eram favoráveis ao impeachment, nove contra e dois não se manifestaram. Um dos que estava entre os indecisos era o deputado Carlos Gomes (PRB), que decidiu acompanhar a posição do partido de apoiar o afastamento de Dilma. Ainda resta Cherini.
Há outros insatisfeitos no PDT. Pompeo de Mattos, presidente da sigla no Rio Grande do Sul, declarou voto contra o processo, mas ele também tenta emplacar a tese da liberação da bancada. Para os pedetistas, muitos deles com base política no interior do Estado, entre pequenos, médios e grandes produtores rurais, está difícil circular em defesa do governo.
– Só Deus sabe o que vai acontecer com a bancada do PDT – indicou Cherini.