Os grandes produtores de petróleo se reúnem no domingo no Catar para debater um possível congelamento da produção para estabilizar os preços o petróleo, embora o Irã já tenha anunciado que não participará da iniciativa.
Vários analistas descartam que o encontro tenha um impacto significativo no mercado petroleiro, muito volátil apesar do acordo de fevereiro entre Arábia Saudita, Rússia, Catar e Venezuela para congelar a produção nos níveis de janeiro.
A Agência Internacional de Energia (AIE) também disse na quinta-feira que um acordo em Doha teria um "impacto limitado" na oferta.
E a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) advertiu antes da reunião -em que participam países membros e não membros do cartel, como a Rússia- que o excesso de oferta poderá agravar-se.
Um acordo entre os grandes produtores poderia reduzir o excesso de oferta, que contribuiu para a queda em 60% dos preços do petróleo desde junho de 2014.
Também estimularia os preços e aliviaria as finanças dos países produtores, que têm registrado grandes déficits orçamentários e se encontram obrigados a reduzir seus gastos, em particular as ricas monarquias do Golfo.
"O sentimento geral é de que haverá um acordo em Doha para congelar a produção aos níveis de janeiro", disse à AFP Fawad Razaqzada, um analista do City Index, uma medida que "previsivelmente dará um impulso suplementar aos preços no curto prazo".
Continua havendo vários obstáculos devido ao delicado equilíbrio entre os países produtores.
A Arábia Saudita, o maior produtor da Opep com 10,1 milhões de barris diários (mbd) extraídos em março, já advertiu que só congelará sua produção se o Irã fizer o mesmo.
O problema é que o Irã acaba de ter as sanções internacionais contra sua produção suspensas e, antes de se comprometer a congelar sua produção, quer alcançar de novo 4 mbd, o nível que tinha antes das sanções. Segundo a Opep, a produção iraniana foi de 3,3 mbd em março.
Nesse sentido, o ministério iraniano do Petróleo lembrou nessa sexta-feira que o país "não pode se unir ao plano para estabilizar os preços do petróleo enquanto não tiver recuperado seu nível de produção e de exportações prévio às sanções internacionais".
- Preços em alta -
"Não vejo com a Arábia Saudita pode congelar sua produção e aceitar aumentos significativos por parte de outros produtores", disse à AFP Fahad al Turki, da firma saudita Jadwa Investment.
Um acordo na reunião de Doha poderá ao menos restabelecer a confiança entre os grandes produtores e abrir caminho para "cortes de produção", segundo o especialista.
Para Jean-François Seznec, professor na Universidade de Georgetown, o principal problema no domingo não será o Irã - que este ano só poderá aumentar sua produção em 300.000 bd- mas a Rússia.
No momento, as expectativas de um possível acordo permitiram sustentar os preços, que segundo a Opep subiram 20% em março, para colocar-se em 34,65 dólares o barril, frente aos 28,72 dólares de fevereiro.
Segundo as estimativas do cartel composto por 13 países, a produção de seus Estados-membros chegou a 32,25 mbd em março, frente a uma média de 31,85 mbd em 2015.
"Seja qual for o resultado dessa reunião, o preço do petróleo não subirá rápido nem o suficiente para reequilibrar as finanças públicas da maioria de países produtores", estima Christopher Dembik, analista do Saxo Bank.
Desde 2014, a estratégia da Opep, impulsionada pela Arábia Saudita e seus aliados do Golfo, consiste em defender suas cotas de mercado e não um determinado nível de preços.
O cartel se nega obstinadamente a cortar sua produção. O objetivo é que os preços baixos expulsem do mercado os produtores que precisam de preços mais altos para ser rentáveis, como os de petróleo de xisto nos Estados Unidos.
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