Na área onde 244 crianças deveriam estar brincando e aprendendo coisas novas durante o dia, no Bairro Salomé, em Alvorada, não há diversão nem risadas. Pelo contrário, o cenário é desolador na Rua Tupã, onde seria erguida a primeira escola municipal de educação infantil da cidade – que ocupa o último lugar no ranking de oferta de vagas, segundo a Radiografia da Educação Infantil do Tribunal de Contas do Estado de 2014, mais recente levantamento sobre o assunto e que leva em conta a realidade de 2013.
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No terreno, há lixo acumulado, os vizinhos relatam que o mato vem tomando conta da área e não há mais a placa que informava da obra orçada em R$ 785 mil, com recursos do governo federal e prefeitura.
Em outubro do ano passado, um ano depois do início da obra, o Diário Gaúcho esteve no bairro e mostrou que o local estava abandonado. E a população do Bairro Salomé terá de esperar. A prefeitura não tem previsão de quando a creche da comunidade sairá erguida. Outros bairros serão contemplados por novas escolas infantis antes da prometida Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Dilan Camargo sair do papel.
– Antes de decidirem fazer a escola, tinha uma praça ali e eu levava as crianças. Agora, está tomado de lixo e mato – conta a caixa operadora desempregada Deise da Silva Severo, 24 anos.
Deise lembra que, em setembro de 2014, teve festa e ato político no terreno, com direito a lanche e brincadeiras. Ela chegou a levar os três filhos que tinha na época à comemoração pelo início das obras, faceira com a possibilidade de deixar as crianças na escola e ter a chance de trabalhar descansada.
– Tive que desistir do serviço porque a creche não foi construída. Pesquisei e, para colocar três crianças na creche, vou gastar R$ 900. Aí, seria só para ficar longe dos meus filhos – afirma Deise, mãe de Endryw Henrique, seis anos, que está no primeiro ano, Rafaela, cinco anos, Isabela, quatro anos e de João Lucas, que completará um ano em breve.
"Estar na escola faria muita diferença na vida deles"
A mãe conta que o material de construção que havia no local foi recolhido – a obra foi paralisada dois meses depois do início.
Sem notícias sobre o que será feito no terreno e sem vagas para os filhos, Deise tem lançado mão de criatividade para propor brincadeiras para distrair a criançada. Isabela é uma das mais ansiosas para ir à escola. Ela e a mana Rafaela já têm até as mochilas para levar o material.
– Estar na escola faria muita diferença na vida deles, iam conhecer outras crianças, poderiam estar aprendendo. Agora, eu mesma brinco com eles e ensino algumas coisas, os números, as letras _ revela a mãe.
Outras escolas ficarão prontas primeiro
Por meio de sua assessoria de comunicação, a prefeitura de Alvorada informou que a Escola Municipal de Ensino Infantil Dilan Camargo teve suas obras interrompidas em virtude do descumprimento de contrato por parte da empresa responsável.
A assessoria explica que o projeto da Dilan Camargo fará parte de uma segunda leva de escolas infantis a serem construídas na cidade, mas não informa qualquer previsão. Antes da Dilan, porém, deverão ficar prontas as escolas municipais de educação infantil Eva Furnari, no Bairro Umbu, e Alicia Fernandes, no Bairro Algarve, que já estão em processo de licitação. A entrega dos envelopes com as propostas está marcada para o próximo dia 28.
Em relação ao atendimento de crianças da educação infantil na cidade enquanto isso, a prefeitura informa que, para atender parte desses alunos reorganizou espaços da rede municipal para viabilizar 21 turmas de um a quatro anos e 48 turmas de dois a cinco anos. Também foi criada uma escola de educação infantil com capacidade para dez turmas o lado da Secretaria Municipal de Educação.
A prefeitura diz também que disponibiliza vagas na iniciativa privada por meio de convênio. As famílias que quiserem incluir os filhos nesta modalidade devem se inscrever na Central de Vagas da Secretaria Municipal de Educação (Rua Wenceslau Fontoura, 211, Nova Americana, telefone 3442-0180, das 8h às 12h e das 13h às 18h).
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