O Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel disse, nesta quinta-feira, que o Papa Francisco acompanha com preocupação a crise política no Brasil. Em entrevista, o ativista argentino de direitos humanos disse que discutirá com o pontífice o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff num encontro marcado para o início do próximo mês no Vaticano.
– Ele (Francisco) está muito preocupado com o que ocorre aqui. Também está preocupado com outros problemas no continente, retrocessos democráticos –afirmou.
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As declarações de Pérez Esquivel foram dadas no Planalto, após um encontro dele com a presidente Dilma Rousseff. Ele é um dos ativistas com maior acesso ao Papa Francisco. Ele não adiantou qual a avaliação do Papa sobre a questão no Brasil. Em entrevista, Esquivel apresentou apenas sua própria posição.
– Temos muito claro que o que está se preparando aqui é um golpe, aquilo que chamamos de golpe branco – disse Pérez Esquivel na entrevista. – Esses golpes brancos já foram colocados em prática em países como Honduras e Paraguai. Agora, a mesma metodologia que não necessita de Forças Armadas está se utilizando aqui no Brasil.
Pérez Esquivel relatou que a presidente Dilma agradeceu o apoio, reafirmou que considera o impeachment um golpe e está "muito firme" diante do processo. O ativista disse que a esquerda no continente precisa fazer uma reflexão crítica. Na avaliação de Pérez Esquivel, "muitas vezes tem muito discurso e pouca prática por parte da esquerda latino-americana".
Ele também comentou sobre a referência feita do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra durante a votação do impeachment no dia 17 de abril na Câmara. Para Esquivel, o posicionamento do parlamentar brasileiro não é democrático.
Sobre um eventual governo Michel Temer, Pérez Esquivel disse esperar que a Unasul use a mesma carta orgânica que costumou usar em outras situações de "golpe".