Até onde pode chegar um favelado? Esse foi o tema de uma conversa que tive nesta semana com esse cara da foto. Caco Barcellos, um dos melhores e maiores repórteres do Brasil.
Tive a alegria de, junto com ele e mais 20 colegas da Globo, lançar o livro que conta a história dos dez anos do programa Profissão Repórter.
Caco nunca foi favelado, mas foi criado na Região Metropolitana e atuou como taxista em Porto Alegre. Ele me contou que ter o pé no barro determinou suas escolhas de hoje. Nossas origens definem nossos destinos, se soubermos filtrar as lembranças e lições.
No primeiro capítulo do livro, ele conta como seu tio foi importante para o jornalismo que ele faz – e olha que o tio era motorista. Por mais que tenhamos professores na escola e na faculdade, as principais lições são ensinadas pelas pessoas que nos amam e que amamos. Quem sobe na vida e nega as raízes morre um pouco, fica frágil e sem rumo.
Oportunidade
Caco acredita que, quando abre portas para pessoas como eu, tenta trazer um pouco da realidade da favela e assim, aos poucos, contaminar o sistema com novos olhares. Às vezes, as pessoas dizem que eu sou o melhor repórter de favela. Eu discordo, os melhores não tiveram a oportunidade certa e cabe a pessoas como Caco, eu e você fazer com que tenham.
Vou guardar essa foto não como fã, mas como aluno. Ocupar e abrir espaço é a meta de quem quer melhorar a vida nas quebradas.