Dos 512 deputados que compõem a Câmara, apenas dois não votaram na sessão que decidiu o rumo do processo de impeachment contra a presidente Dilma Roussef neste domingo: Clarissa Garotinho (PR-RJ) e Aníbal Gomes (PMDB-CE). A primeira está grávida de oito meses e recebeu recomendação médica de não comparecer ao plenário, já o segundo fez cirurgia na coluna na semana passada.
Clarissa Garotinho votaria "sim" e foi vaiada por ausência
A deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ) informou, por meio de sua assessoria, que a gravidez de oito meses a impossibilitou de ir à Câmara votar no processo de impeachment. Seu voto seria pelo "sim", favorável ao afastamento da presidente. De acordo com o assessor Rodrigo Pael, Clarissa havia trabalhado na semana passada, "contrariando ordens médicas", mas sofreu de pressão baixa e teve de ser atendida por médicos da Câmara. No domingo, a deputada teria ficado "muito mal por não conseguir votar".
Em sua página no Facebook, a deputada fez um esclarecimento a seus eleitores, em que diz que compreende "que muitos brasileiros contavam com a minha presença" e agradece "a compreensão daqueles que entendem o momento que estou vivendo". A deputada, que foi vaiada quando teve sua ausência anunciada, diz ainda que casos de H1N1 em Brasília colaboraram para o afastamento e que "as insinuações que fazem a respeito da minha licença (maternidade) são fruto do acirramento do debate e do processo político que estamos vivendo". O documento que solicita o afastamento da deputada por 120 dias, assinado pelo médico Julio Cezar Lauro Alzuguir, foi divulgado pela deputada (veja abaixo).
A reportagem ainda tenta contato direto com a deputada Clarissa Garotinho.
Aníbal Gomes teria se reunido com Temer antes da cirurgia
Já Aníbal Gomes (PMDB-CE) não compareceu à votação por conta de uma cirurgia na coluna realizada na semana passada. De acordo com Francisco José Magalhães Silveira, que é primo do deputado e também filiado ao PMDB do Ceará (ainda que não cumpra nenhum mandato), a cirurgia está marcada desde dezembro e é decorrência de um "problema seríssimo" de Gomes.
– O deputado Aníbal Gomes passou por uma cirurgia delicada na coluna e está internado na UTI, por isso está ausente – explicou o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), na tribuna, durante a votação.
O deputado teria feito uma ressonância magnética no domingo, dia da votação, e deve passar por uma nova avaliação médica nesta segunda, quando saberá se recebe alta ou se continua hospitalizado.
A cirurgia de Aníbal Gomes foi feita em São Paulo. Antes de viajar à capital paulista, o deputado teria se encontrado com Michel Temer e discutido questões referentes à votação do impeachment. O primo de Gomes não sabe informar se o deputado votaria "sim" ou "não", mas a recomendação do PMDB era de que seus deputados votassem a favor do impeachment.
Veja a cópia da licença-maternidade enviada por Clarissa Garotinho (PR-RJ) à Câmara dos Deputados para justificar sua ausência na votação de domingo: