Vislumbrando uma oportunidade de fortalecer a base de apoio governista, a presidente Dilma Rousseff confirmou presença no ato promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) em comemoração ao Dia do Trabalho, em São Paulo, no domingo. Pela primeira vez desde a abertura do processo de afastamento pela Câmara, ela deve aparecer ao lado do padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para apresentar um pacote de medidas, como o reajuste da tabela do Imposto de Renda, que não foi corrigida neste ano, e a concessão de aumentos para o Bolsa Família e para algumas categorias federais. Segundo assessores, a ideia é anunciar medidas para os trabalhadores, fazendo um aceno efetivo à base social do PT e um contraponto a Michel Temer.
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Dilma passou a avaliar um aumento nos pagamentos do Bolsa Família depois de ser informada que a medida faz parte dos planos do vice-presidente caso ele assuma o Palácio do Planalto. Para evitar um novo panelaço, a presidente não fará pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão no Dia do Trabalho e, como decidiu ir ao evento em São Paulo, não deve divulgar vídeo em redes sociais.
No palco, a ideia é adotar um discurso em que defenderá as conquistas das gestões petistas e criticará eventuais retrocessos em um possível governo peemedebista. Convidado pela Força Sindical, o vice-presidente Michel Temer decidiu não participar do evento da entidade sindical. O objetivo é evitar que o gesto seja interpretado como uma tentativa de antecipar o desfecho do processo de impeachment.
EM PORTO ALEGRE, DOIS ATOS NA REDENÇÃO
Dois atos em celebração ao Dia do Trabalho estão marcados para ocorrer no Parque da Redenção, em Porto Alegre. Às 10h, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), a CUT-RS e o Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora (Intersindical-RS) realizarão um ato político "contra o impeachment, a retirada dos direitos dos trabalhadores e a favor da democracia". Conforme o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, o evento também tem como objetivo "relembrar a história de luta dos trabalhadores".
– Vamos questionar o golpe que está em curso no Brasil – frisa Nespolo.
Além de atividades culturais, como shows e apresentação de danças, haverá espaço para discursos políticos.
A Força Sindical-RS também promoverá atividades na Redenção, junto ao espelho d'água, a partir das 15h. O ato tem como foco "a geração de emprego, a garantia de direitos e a luta por mudanças na política econômica do país". Estão previstas apresentações musicais e sorteios de erva-mate e chás. Segundo o diretor Claudio Correa, não haverá manifestação contra o governo.
– Nós não vamos transformar esse momento de crise em bandeira de luta – afirma.