Depois de entregar as pilhas de papéis do impeachment no Senado, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) será alvo de representações no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. Na sessão que aprovou o processo de afastamento de Dilma, Jean se irritou com Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e desferiu uma cusparada em sua direção. O jato acabou atingindo também Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que estava por perto.
– Há representações que estão sendo feitas. Aliás, eu tomei conhecimento por partidos de que vão haver representações no Conselho de Ética contra essa atitude – disse Cunha.
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Questionado a respeito de eventual quebra de decoro parlamentar por Jean, ele foi direto:
– Sem dúvida.
Considerado o principal fiador do impeachment contra Dilma, Cunha ainda comentou as dezenas de xingamentos e críticas que recebeu durante a votação do impeachment na Câmara. Parlamentares de diferentes partidos, inclusive alguns de fora da base governista, enumeraram ao microfone apupos contra Cunha, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) pela suspeita de ter recebido propina do esquema da Petrobras. Na Câmara, ele responde a representação no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. Ele é acusado de ter mentido na CPI da Petrobras, quando disse que não possuía contas no Exterior, o que foi desmentido por descobertas da Operação Lava-Jato.
– Eu encarei (críticas e xingamentos) como uma provocação no intuito de tentar me constranger para ver se eu reagia e melava a sessão. Era esse o objetivo deles. Eu não tenho nenhuma preocupação. (...) Aqueles que passaram do limite, saíram da crítica política e foram para a ofensa pessoal, eu vou estudar a possibilidade de entrar com queixa-crime – afirmou o presidente da Câmara.
Entre outras coisas, Cunha foi chamado de "corrupto" e "gângster" por alguns de seus pares.
No processo do Conselho de Ética, onde conseguiu aplicar uma série de manobras de procrastinação, o peemedebista demonstrou convicção de que irá se safar. Ele conseguiu construir maioria no colegiado com a entrada da deputada Tia Eron (PRB-BA) no lugar de Fausto Pinato (PP-SP).
– Eu não vou me constranger com isso, não tenho nenhuma preocupação, estou absolutamente em condições de ser inocentado na representação do conselho. No seu tempo devido, isso vai ficar claro.
Ele ainda fez críticas ao advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. Disse que o PT exigiu que o processo de Dilma se limitasse ao objeto do pedido de impeachment, as pedaladas fiscais. No caso dele, reclama que o Conselho de Ética discute apenas se ele mentiu em uma CPI, mas que os adversários querem incluir no julgamento uma série de fatos atrelados às investigações da Operação Lava-Jato.
– Quando se trata de mim, não tem limite. Aquilo que efetivamente faz parte da representação é tudo aquilo que eles querem colocar a mais. Comigo o PT tem um comportamento, mas quando se defendem no impeachment, eles têm outro comportamento, de ter que ficar restrito ao que está na representação. Na verdade, eu tenho uma representação que é simplesmente se eu efetivamente falei ou não a verdade num depoimento espontâneo numa CPI – justificou.
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