Um dos roubos mais violentos que já se tem registro". É assim que o jornal Publimetro, do Chile, trata um dos crimes em que Daniel Arturo Reys Aranda, o Sisito, 23 anos, figura entre os suspeitos. O chileno e outros três compatriotas, todos familiares dele, estão presos em Santa Maria desde novembro do ano passado, após detenção em São Sepé, por conta de uma série de furtos e arrombamentos em cidades da Região Central (leia texto abaixo). As autoridades chilenas pediram a extradição de Sisito, e a Polícia Federal abriu processo de expulsão do país dos outros três.
Segundo a imprensa chilena, Sisito participou do assalto a um carro-forte da transportadora de valores Prosegur, em 31 de julho de 2015. O assalto ocorreu na Rota 78, na região de Valparaíso, a cerca de 120 quilômetros de Santiago. Conforme o portal Emol Nacional, o "cabeça" do assalto, Rosa Bastías, teria fingido um acidente na rodovia para forçar a parada do carro-forte.
Fortemente armado, o grupo rendeu os vigilantes. Depois, Sisito teria aberto um buraco na lataria do veículo, com a ajuda de maçaricos, em uma técnica chamada de "oxicorte". Foram roubados 312 milhões de pesos chilenos, o equivalente a pouco mais de R$ 1,6 milhão. Depois de carregar os malotes com o dinheiro e tentar fugir, houve troca de tiros. Um vigilante e um asaltante morreram. Rosa foi presa na Espanha pouco antes de Sisito ser preso no Brasil.
Segundo o jornal Publimetro, além de ser acusado de latrocínio, Sisito tem condenações por roubo, arrombamentos de caixas eletrônicos e receptação. Ele faria parte de uma organização criminosa chamada Los Carniceros, especialista em ataques a caixas eletrônicos e roubo de carros de luxo.
STF analisará pedido
Assim que a prisão de Sisito e seus familiares foi comunicada pela Polícia Federal, o nome do rapaz foi retirado da lista de procurados da Interpol, que fez o comunicado ao governo e à Justiça do Chile. Logo após, as autoridades chilenas manifestaram o desejo de que ele fosse extraditado.
O processo está correndo no Supremo Tribunal Federal (STF) desde o dia 26 de fevereiro, após a emissão de um mandado do ministro Celso de Mello para que o chileno ficasse preso até que sua situação seja analisada pela Suprema Corte.
De acordo com o Núcleo de Imigração do setor de estrangeiros da delegacia da Polícia Federal de Santa Maria, nenhum dos quatro chilenos estava legalizado no país e todos entraram de forma irregular. Como os outros três estão irregulares e cometeram crimes no Brasil, a delegacia da PF de Santa Maria pediu abertura de inquérito de expulsão ao Ministério da Justiça, ainda em dezembro, mas não obteve um retorno.
Se o pedido for aceito, o inquérito será remetido à Justiça Federal de Santa Maria, que decide pela expulsão ou não. No entanto, é o STF que dá a palavra final. Se forem expulsos, os chilenos não poderão mais entrar no Brasil. No caso de Sisito, ele poderá voltar, mas terá de arcar com todas as custas processuais que levaram a sua extradição.
Jovem faria parte de organização especializada em arrombamento de caixas eletrônicos. (Foto: Reprodução)
Chilenos foram presos em flagrante em São Sepé
Sisito e três familiares - Cláudio Alejandro Viego Acevedo, Francisco Javier Catalan Valenzuela e Marina Francesca Beserra Vega - foram detidos pela Brigada Militar (BM) de São Sepé na madrugada do dia 28 de novembro, em um posto de combustíveis à margem da BR-392. O quarteto é suspeito de ter realizado uma série de furtos em cidades da região.
A ação do grupo teria começado em Paraíso do Sul, com o arrombamento e furto de produtos de uma loja de utilidades. Depois, os suspeitos seguiram para Agudo, onde teriam arrombado uma loja de celulares e tablets, levando 80 aparelhos.
Testemunhas viram a ação dos bandidos e acionaram a BM, que deu um alerta na região sobre o carro que eles usavam, um Palio cinza com placas de São Paulo. Na sequência, eles passaram por Restinga Seca e Formigueiro. Arrombaram uma loja em cada cidade, mas não conseguiram efetivar os furtos.
A BM localizou o carro do bando no posto de combustíveis, por volta das 5h30min. Os produtos furtados estavam dentro do veículo. Além de celulares e tablets, havia capas de telefone, roupas, alimentos e dinheiro. Também havia maçarico e ferramentas. O quarteto foi encaminhado à delegacia de São Sepé, onde foi preso em flagrante por furto qualificado por arrombamento e associação criminosa.
Consulado acompanha caso
Os três homens estão presos na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm). No início de março, eles chegaram a fazer greve de fome de três dias, exigindo uma resposta do Poder Judiciário sobre a situação deles. A quarta integrante do grupo, uma mulher, está no Presídio Regional de Santa Maria.
À exceção de Sisito, os três já tinham antecedentes policiais por furto em São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Aqui na região, como os furtos só se efetivaram em Paraíso do Sul e Agudo, eles responderão por seus crimes na comarca de Agudo. O tempo em que eles estiveram presos em Santa Maria será informado para a diminuição da pena a ser cumprida no Chile.
O Consulado Geral do Chile em Porto Alegre diz que acompanha o processo para assegurar que os quatro tenham todas as garantias legais. O quarteto tinha um advogado, mas ele foi destituído. Conforme a chanceler Eliane Carambula, busca-se um defensor público para fazer a defesa deles.