A cheia dos rios Quaraí e Ibirapuitã deixa mais de 90 famílias fora de casa na Fronteira Oeste. Conforme a Defesa Civil, os municípios afetados são Quaraí e Alegrete. Em Quaraí, 85 famílias estão fora de casa: 70 em casas de amigos e parentes e outras 15 em abrigos do município.
No fim da tarde, o rio Quaraí havia baixado dois metros e meio, mas quase mil gaúchos e uruguaios ainda estavam fora de casa por causa da enchente. Dezenas de casas ficaram inundadas. Mesmo com o rio baixando, a Defesa Civil pede que as famílias não voltam para casa. A chuva que caia até o início da noite deste domingo dificultava a normalização da situação.
– A gente pede que as pessoas aguardem o tempo se firmar, até segunda ou terça – orienta o coordenador da defesa Civil, Fabiano Mazzini.
Em Alegrete, o Rio Ibirapuitã subiu com a chuva dos últimos dias e oito famílias tiveram que sair de casa entre o sábado e a manhã de domingo. O problema afeta moradores do bairro Vila Nova.
Na Campanha Gaúcha, quebra de safra pode ser a maior causada por chuva
Em Bagé, os 300 milímetros de chuva em apenas uma semana fizeram com que o acumulado do mês passasse dos 400 mm. O número apavora produtores, que só conseguiram colher dez por cento da área plantada com soja no município. Os outros 90 mil hectares estão apodrecendo na lavoura. A cidade é uma das maiores áreas de lavouras do Estado.
– A gente precisa de pelo menos dois ou três dias de sol, pra poder colher – observa Vilson Ceolin, que ainda tem mais de 600 hectares de soja pra colher.
Um levantamento preliminar aponta uma quebra de 30% nesta safra. Mas o número é otimista, e deverá ser bem maior do que isso, comenta outro produtor.
– Na minha lavoura já tenho 50% de quebra – afirma Dari Raddatz.
A colheita do grão deveria estar chegando ao fim. A maioria das áreas estão prontas há um mês. Com tempo demais na lavoura, as vagens umedecem e se abrem. Parte dos grãos estão caindo, e tem grãos germinando no pé.
E os problemas começaram bem antes da colheita. No período do plantio a chuva também atrapalhou os produtores, que não conseguiam plantar. Alguns chegaram a replantar três vezes as áreas de soja. Mais adiante, na época do desenvolvimento da planta, faltou água. Nos meses de janeiro e fevereiro foram 35 dias sem chuva.
Na lavoura de arroz a situação não é muito diferente. Tem áreas que estão totalmente submersas.
– A arroz é mais resistente, ele aguenta melhor mais dias consecutivos de chuva. Mas não sabemos até quando – diz o presidente da Associação Rural de Bagé, Rodrigo Moglia. Para ele esta deverá ser a primeira grande quebra de safra na região da campanha por causa do excesso de chuva na colheita.
O escoamento da produção também está prejudicado. Sem estradas boas, os caminhões não conseguem chegar nas fazendas. Se chegam, não conseguem fazer o caminho de volta sem ajuda de tratores. Em Dom Pedrito três famílias tiveram que deixar as duas casas, na beira do Rio Santa Maria, que está cinco metros e meio acima do normal. As famílias estão abrigadas na escola Alda Seabra. Outras quatro famílias estavam prontas pra sair, na tarde de domingo, pois havia a expectativa de que o nível chegasse aos seis metros acima do normal.
Na fronteira Oeste do Estado, o rio Quaraí já baixou dois metros e meio, mas quase mil gaúchos e uruguaios ainda estão fora de casa por causa da enchente. Dezenas de casas ficaram inundadas. Mesmo com o Rio baixando a defesa Civil pede que as famílias não voltam para casa. "A gente pede que as pessoas aguardem o tempo se firmar, até segunda ou terca", orienta o coordenador da defesa Civil, Fabiano Mazzini.
Colaborou Fabiana Gonçalves, com informações da Rádio Gaúcha.