Com o tom de "não vai ter golpe, já tem luta", milhares de pessoas foram às ruas contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff neste domingo em Porto Alegre. O ato em defesa do governo começou ainda pela manhã no Parque da Redenção, com apresentações artísticas, discursos de políticos e representantes de movimentos sociais, e, após caminhada, se concentrou na Praça da Matriz, onde, desde a última segunda-feira, ocorre o "Acampamento da Legalidade e Democracia".
Um dos atrativos do protesto foi o já tradicional "coxinhaço" – coxinhas de galinha assadas e distribuídas à população. Algumas unidades chegaram a ser vendidas, junto de um pão, a R$ 8.
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Os defensores da presidente Dilma estão concentrados na Praça da Matriz . Conforme a organização, mais de 20 mil pessoas participavam do evento às 18h30min. A Brigada Militar diz que não fará mais estimativas de público, e garante que não houve registro de tumultos.
Acompanhando os depoimentos e os votos dos deputados em dois telões, os manifestantes gritavam contra Eduardo Cunha e traziam o já consagrado cântico da campanha contra o impeachment "Não vai ter golpe, vai ter luta" quando políticos de oposição tinham a palavra. O ex-governador Olívio Dutra (PT), que participou da Constituição de 1988, defendeu que não há razão para o impeachment.
– No texto da Constituição está previsto o impeachment, mas, pra se confirmar essa ação extrema, o mandatório tem que ser enquadrado objetivamente contra o Estado, a nação e o povo brasileiro. A presidente Dilma não cometeu nenhuma desses crimes. Por isso, isso é um golpe mascarado de impeachment – defendeu Olívio.
O estudante de Jornalismo Lucas Marostica, 25 anos, concorda com o petista e diz que se pedalada fosse crime de responsabilidade fiscal, "o governador Sartori e o prefeito Fortunati também se enquadrariam nessa lei". Para ele, o grupo que vai assumir o Brasil caso Dilma seja afastada vai retirar "direitos LGBT e dos trabalhadores ganhar ainda mais poder" e ainda responde por crimes de corrupção.
– Essa luta do Cunha não é por corrupção, é por mais poder – defende Morostica.
Por volta das 13h, o grupo Cultura pela Democracia, que reunia cerca de 3 mil pessoas no Parque Farroupilha, iniciou uma passeata até a Praça da Matriz para se juntar aos demais manifestantes favoráveis ao governo.
A partir das 14h, o ato passou a transmitir a votação do impeachment na Câmara dos Deputados. Há dois telões no local. Em outro ponto da cidade, a 4 quilômetros da Praça da Matriz, no Parque Moinhos Vento, grupos contrários ao governo federal também vão transmitir o impeachment.
Na página do evento no Facebook, as postagens informam que haverá música e também um festival de food trucks. Treze mil pessoas confirmaram presença na rede social.
A Câmara dos Deputados vota na tarde deste domingo o impeachment da presidente Dilma Rousseff, de 68 anos, eleita em outubro de 2014 para seu segundo mandato. Filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2001, Dilma é alvo de pedido de afastamento que tem por base as pedaladas fiscais (manobras contábeis) e decretos orçamentários do ano passado.
Conforme o Placar do Impeachment do jornal O Estado de S. Paulo, a oposição à presidente contabilizava, neste domingo, pelo menos 350 votos favoráveis ao impeachment, oito a mais do que o mínimo necessário (342, de um total de 513). Portanto, se esses deputados mantiverem a decisão de apoiar o afastamento, Dilma será derrotada na Câmara.
Para reverter esse cenário, o Palácio do Planalto conta com envolvimento direto de Dilma, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de um time de ministros, governadores e assessores. Se passar na Câmara, o processo de impeachment irá tramitar no Senado.
* Zero Hora, com Agência Estado