"A Dilma, minha Dilma... levantou poeira!", o refrão adaptado do hit de Ivete Sangalo embalava o horário de almoço, nesta quinta-feira, de militantes e transeuntes na Praça da Matriz, em Porto Alegre. O som estava por conta da bateria da Unidos do Pôr do Sol, uma das atividades culturais programadas pelo Acampamento da Legalidade e da Democracia, movimento contra o impeachment que se instalou no local na segunda-feira.
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Formado majoritariamente por organizações de cunho social e sindicatos, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central de Movimentos Populares (CMP), o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers), o Sindicato dos Metalúrgicos, entre várias outras entidades, o grupo se mobiliza para defender a presidente Dilma Rousseff, por meio de uma agenda que inclui uma aula pública, debates e ações em outros pontos da cidade, como a Esquina Democrática e os arredores do Araújo Vianna.
Conforme Claudir Nespolo, presidente da CUT no Rio Grande do Sul e um dos coordenadores da Frente Brasil Popular, são cerca de 600 pessoas acampadas. Lá pelas tantas, olhando o movimento e os cartazes, uma senhora para e opina que a presidente "deveria sair", chamando-a de "cadela".
– Mas por que cadela, por que o ódio? E por que ela deveria sair, o que foi provado contra ela? – respondeu Nespolo, orientando que ela deveria conversar com participantes da mobilização.
A estrutura inclui cerca de 10 chuveiros e mais de 30 banheiros químicos. Foi sugerido que cada organização levasse a própria comida, mas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que coordena a cozinha, não recusa servir alimento a qualquer participante. São feitos cerca de mil pratos de refeição por dia, com produtos doados. No almoço desta quinta, os panelões tinham aipim, carne de porco, arroz e feijão. Uma fila de pessoas esperava para lavar sua louça em uma mangueira.
– A cozinha não para. Começamos antes das 6h, com o café da manhã, em seguida já lavamos tudo e fazemos a próxima refeição. A comida é para todo mundo – contou Vanderlei Oliveira, 40 anos, um dos responsáveis pela alimentação.
A previsão é que o acampamento seja desmontado no domingo, dia de votação do processo de impeachment no plenário da Câmara dos Deputados. Ele dará lugar a uma manifestação de apoio à presidente Dilma.
Confira a programação completa do movimento aqui.