O juiz Nuevo Campos, da 10ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, concedeu parcialmente nesta quarta-feira liminar favorável ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que nem ele, nem a esposa, Marisa Letícia, sejam conduzidos coercitivamente para prestar depoimento no Ministério Público de São Paulo sobre a compra de um apartamento triplex, em Guarujá, no litoral paulista.
De acordo com o juiz, o próprio promotor que notificou Lula e Marisa para prestar depoimento presencial, Cássio Conserino, admitiu ter havido equívoco sobre a forma proposta para o casal apresentar esclarecimentos.
– O representante do Ministério Público em primeiro grau de jurisdição, espontaneamente, prestou esclarecimentos e apresentou documentos. Esclareceu, a propósito, ter ocorrido equívoco, em relação aos termos das notificações dos pacientes, consistente em utilização de formulários inadequados, pois, por estarem na condição de investigados, não estão sujeitos à condução coercitiva – disse o juiz na liminar.
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Nuevo Campos explicou que, como o próprio promotor reconheceu o erro, a liminar foi concedida apenas para obrigar a correção das notificações no caso, sem a exigência de que Lula e Marisa prestem esclarecimentos presenciais ao Ministério Público na atual fase do processo.
– De rigor o deferimento parcial da liminar tão somente para, afastada a condução coercitiva dos pacientes, determinar, nos autos da investigação criminal, seja formalizada a regularização das notificações apontadas como equivocadas – ressaltou Campos na decisão.
Em nota, o Instituto Lula destacou que a convocação, originalmente marcada para esta quinta-feira, foi a segunda tentativa do promotor de forçar depoimento presencial de Lula e Marisa.
– O próprio promotor admite que "errou" ao ameaçar Lula e Marisa com a obrigatoriedade (inexistente) do testemunho presencial, ainda que só tenha se manifestado sobre o assunto depois de protocolado o pedido de habeas corpus.
A nota acrescenta que o pedido da defesa de Lula, ratificado pela decisão do Tribunal de Justiça, não é uma "tentativa de protelar investigações ou de não prestar as informações pertinentes, mas de garantir o regular andamento do processo." Segundo o texto, por ser um cidadão como todos os demais, Lula deve ter seus direitos constitucionais preservados. O ex-presidente e sua esposa apresentaram ao Ministério Público explicações por escrito, na última segunda-feira.