As camponesas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) desocuparam nesta quinta-feira a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Porto Alegre. As cerca de 1,2 mil mulheres estavam acampadas no local desde terça-feira, após realizarem atos na zona norte e no centro da Capital.
A saída do grupo foi negociada com o superintendente regional do Incra-RS, Roberto Ramos, em reunião na tarde desta quinta-feira. Segundo a assessoria do órgão, as reivindicações das camponesas foram discutidas ponto a ponto pelos diretores e as conclusões apresentadas às 15h para as representantes do MST e do MAB.
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Uma das principais pautas das mulheres acampadas é o incentivo à produção agroecológica. O Incra-RS concordou em realizar, em abril, um seminário estadual para discutir o impacto dos agrotóxicos e a produção orgânica de alimentos saudáveis. O evento terá participação de representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e será organizado com a parceria dos movimentos sociais.
Roberto Ramos informou ainda a previsão de operacionalizar novos créditos Fomento Mulher, que, segundo ele, deverão beneficiar 3.440 assentadas no Rio Grande do Sul em 2016. O Fomento Mulher tem por finalidade implantar projeto produtivo sob responsabilidade da mulher titular do lote. O valor do benefício é de R$ 3 mil por família, pagos em parcela única, com vencimento um ano após a liberação do crédito.
Ao deixar a sede do Incra-RS, as representantes dos movimentos sociais avaliaram de forma positiva os resultados da ocupação.
– Não tivemos todos os avanços que gostaríamos, mas conseguimos avançar em questões que são muito importantes para nós. Apesar de vivermos um momento difícil na política brasileira e no orçamento dos governos, não podemos deixar de fazer a reforma agrária e de buscar melhorias para os nossos assentamentos – informou a dirigente do MST gaúcho, Roberta Coimbra.